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Wednesday, September 01, 2010

Beth - Comida caseira de verdade, mas a preços paulistas

Começo fazendo um disclaimer que não fiquei, de uma hora para outra, menos crítico, mas apenas que estou revisitando os meus restaurantes favoritos desses tempos sem blog, esses sempre foram a razão que eu escrevi por aqui, são as boas refeições que me inspiram para escrever.

Essa semana eu fui a um almoço despretensioso de terça-feira no Itaim em São Paulo. Quando isso acontece, não me resta dúvidas em relação a qual restaurante ir, Beth Cozinha de Estar. Em uma pequena casa, no bairro nobre do Itaim, este é um restaurante que possivelmente partiu de um sonho de uma cozinheira de mão cheia, de servir uma comida caseira e saudável para os empresários e funcionários do bairro, no entanto, a qualidade e a consistência de sua comida são tão espetaculares que virarão quase que um culto a comida caseira.

Não me parece que há a pretensão de seguir uma tendência de “Confort Food”, como o Mian Mian faz no Rio, mas simplesmente fazer comida bem feira, com ingrediente de primeira. A casinha que já dobrou de tamanho e triplicou de preços, para que a demanda diminuísse e qualidade não caísse, é simples tem uma decoração branca, com painéis de fotos de saladas, serviço ágil e atrás do balcão sempre a Beth ou sua neta, dando saborosas explicações do que estamos prestes a comer.

O menu muda muito, mas é sempre bom. Há lá um dos melhores picadinhos que já comi, mas nunca mais dei sorte de achar no Buffet, que sempre começa com uma vistosa salada verde, ou uma leitura da grega, que vc pode salpicar uma deliciosa granola salgada. Desta fez também tínhamos a opção de um tabule que estava delicioso, sequinho e com os tomates crocantes. Além disso, comi uma deliciosa berinjela assada, com uma fina fatia de tomate e queijo mozarela, coberto com uma leve farofa de pão puxada na manteiga, as texturas cremosas dos legumes e queijos, contrastavam com a farofa, que quase dissolvia na boca.

O filezinho de peixe a milanesa me lembrou o que sempre comi na minha casa na Bahia. Peixe branquinho e fresco, com uma capinha, seca que quase q descola da carne. Havia ainda a opção de um strogonoff de frango, com batatas palhas feitas lá mesmo, crocantes e douradas. Por fim, eu provei o Kafta, quase pequenos hamburgers, ainda úmido por dentro, com um leve molho de Iogurte e hortelã, que acompanhava um arroz de lentinha e cebolas douradas, de fazer inveja a qualquer árabe. Mas na verdade não há como sair de lá sem comer o feijão mulatinho, que tem um caldo espesso e cremoso quase, com gosto de abraço de avó.

Sem dúvidas vc acaba comendo mais que vc gostaria, dado que tudo tem uma aparência deliciosa e de fato tudo é, portanto chegar a sobremesa é uma tarefa que quase nunca atinjo. Se vc tiver coragem pode pedir um dos deliciosos picolés Dilleto, ou um brigadeiro de colher – há coisa mais casa de vó do que brigadeiro de sobremesa? Eu normalmente acabou pedindo um café e me satisfazendo com um pequeno cubo de bolo de cenoura, que o acompanha.

As filas lá são um testemunho da qualidade da comida da Beth, seus clientes são fiéis a comida saudável. O preço de R$ 50 reais pelo almoço, parece abusivo, mas pela qualidade da comida, ouso a dizer que não é, com o antigo preço de R$ 32 as filas eram intermináveis e qualidade acabava sendo comprometida, esse foi o equilíbrio de mercado. A razão do sucesso em uma cidade como SP, só pode ser a busca por algo que nos lembre de onde nós somos, em um mar de restaurantes franceses, italianos e japoneses, a única coisa que não havia no Itaim era um caseiro, de qualidade.

Beth Cozinha de Estar
Rua Pedroso Alvarenga, 1061
Tel 11 - 3073-0354

Monday, August 23, 2010

Primeira Pá - China de verdade, um pouco mais perto!

Comer comida étnica não é uma tarefa muito simples no Rio, apesar da profusão de restaurantes japoneses, a maioria das culinárias é muito mal representada na capital carioca. A culinária chinesa é uma que não necessariamente é pouco representada, mas sim mal representada, a profusão de China in Box style onde a comida é sempre excessivamente doce e os ingredientes não necessariamente frescos não é exatamente um bom embaixador. Há aqui dois representantes mais fidedignos, o pirotécnico Mr. Lan e o escondido Primeira Pá! Nenhum dos dois pode ser considerado exatamente barato, mas ambos mostram um pouco mais do que a rica culinária chinesa tem a oferecer, a verdade é representar a culinária chinesa, é muito diversa, portanto, para ser mais honesto estes são uma representação da comida cantonesa.

O Primeira Pá fica no bairro da Tijuca, no Centro de Cultura da Imigração Chinesa, a maioria das pessoas no restaurante são chinesas matando a saudade de casa, o que é um ótimo sinal. Ao entrar no restaurante tive a impressão de estar entrando na China, dada a decoração e a língua mais usada, o chinês. As tolhas douradas, as grandes mesas redondas com plataforma redonda que giram, são o mais próximo que já vi da China por aqui. O cheiro duvidoso e os banheiros incrivelmente sujos, também são uma representação justa do país.

Para entradas podemos comer um delicado guioza, que vem com um recheio de carne de porco e alho poro, que são delicados, como os dim sums são na China. Mas o meu favorito é um pão no vapor, com recheio de porco agridoce, a massa é branquinha e meio puxa, com um gosto leve, o recheio pequenos cubos de porco, adicionam bem com textura e sabor. A culinária chinesa pode parece excessivamente “sem gosto”, para os nossos paladres, mas na verdade é a delicadeza de alguns de seus pratos que é o grande destaque.

Para prato principal sempre peço o delicioso Pato laqueado, que é exatemente o que torna a refeição mais cara. Recebemos a mesa leves panquecas feitas a base da arroz, um espesso molho adocicado, cebolinha e pepinos frescos, e uma generosa porção de peito de pato, coberto pelos pedaços de pelo, brilhantes e doces, que se dissolve na boca rapidamente. Devemos montar manualmente as panquecas e comer, o frescor dos verdes com a carne de pato e a pele crocante é uma das combinações mais gostosas que conheço. O de lá não é o melhor que já comi, mas é sem dúvidas um exemplar respeitável. Além disso, já pedi um deliciosa macarrão, uma carne com shitake e bambu, e um deliciosa arroz colorido, que me fez repensar a minha idéia de nunca comer arroz.

As sobremesas predominantemente de doce de feijão, são fidedignas, mas meu paladar não alcança. O serviço é oscilante mas incrivelmente simpático, alguns dos garçons não falam português, que dificulta um pouco a comunicação. Como de hábito na China, não se traz todos os pratos de uma vez, portanto, nesse aspecto acredito que nós ocidentais podemos ficar um pouco perdidos. Se vc vai até lá comer, faça com eles, peça vários pratos e deixe o caos da China fazer sua tarde mais alegre.

Primeira Pá
Rua Gonçalves Crespo, 450
Tijuca – Praça da Bandeira
Tel – 2293-2653

3***
$$

Monday, August 16, 2010

Marcel - Comida espetacular e desambientada

São Paulo nunca deixa de me impressionar, muitas vezes porque projetos incríveis aparecem como o Kaa que o ambiente é espetacular e milhões são investidos, mas a comida deixa a desejar. Este final de semana, me deparei com a situação exatamente oposta, comi em um restaurante que me fez suspirar e querer mais, apesar dos 8 pratos, mas o ambiente era completamente desconectado da comida. O Marcel fica em um hotel desses meio baratos, no Jardins, que tem um público meio misturado de nordestinos de meia idade e pessoas do interior do estado. O público do restaurante é parcialmente dominado pelos hóspedes e por amantes dos tradicionais suflês que são o antigo carro chefe de casa. No entanto, nada disso tem a ver com o desfile de pratos que o menu degustação oferece.

Ao chegar o atendimento é um pouco confuso, mas uma vez q eu fiz a escolha pelo menu degustação o Chef Rafael Despirite passa a controlar com precisão cirúrgica o timming dos pratos que vem como um balé a mesa, seguido de uma envergonha explicação sobre o que está diante de nós, dada pelo próprio chef. Para começar um incrível Foie Gras selado com uvas congeladas com cachaça, a brincadeira de texturas e temperaturas é um sucesso retumbante, deixando a melosidade do Foie Gras ser balanceada pela notas agudas da uva e cachaça. O segundo prato um carpacio com molho defumado é uma surpresa engraçada, dado que as texturas são de carne crua enquanto o sabor lembra uma carne longamente defumada.

Para o terceiro prato o chef trouxe para mim o grande destaque da noite: um camarão em ponto de cocção perfeito, com uma textura tão leve, com molho de açafrão e um tagliatele feito de finas fatias de cenoura que estava al dente. Passamos para um peixe (dourado?) que era assado inteiro e depois cortado em pequenos quadrados, servido sobre uma maionese que usava como gordura os sucos do próprio peixe e algumas ervas do jardim do chef, como jambú fresco. O prato talvez tenha sido o que menos se destacou para mim, a maionese era muito leve e saborosa, e balanceava bem o peixe q estava um pouco “peixoso” de mais para meu paladar.

De um chef muito orgulhoso recebemos um suflê de gruyere, receita do avô que explica porque o restaurante é conhecido por esse prato, estava na textura ideal com o sabor pujante do queijo, mas a leveza do suflê. Após isso, ainda havia espaço para uma deliciosa costeleta de cordeiro, mais uma vez, no ponto certo, acompanhada de um purê de batata doce frio e um azeite com tapenade. Um prato simples, mas tão bem executado que mereceu ser devorado. Ainda havia espaço para mais, a surpresa para os olhos eram os fios d´ovos, mas ao colocar na boca uma deliciosa sorbet de manga. Segundo o chef, ele simplesmente congela a manga e passa por um ralador, a simplicidade que leva a surpresa.

Ainda comemos um queijo parmesão com redução de balsâmico, que foi seguido finalmente por um suflê de cupuaçu e sorvete de creme. O suflê estava delicado como o a fruta é, com um sabor sutil que ela completado pelo sorvete. O jantar foi sem dúvidas uma grande surpresa, não só pela idade do chef, mas principalmente porque tive a clara sensação que ele está no restaurante errado, tanto do ponto de vista do serviço, quanto do ambiente. Mas para quem gosta de boa comida, pelo preço cobrado, esta é uma experiência imperdível em São Paulo.

Marcel
Rua da Consolação 3555
São Paulo
Tel – 11- 3064-3089

3***
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Friday, August 13, 2010

Venga! – e nunca mais deixe de voltar

Esse tempo de blog parado foi de descobertas e de vícios! E como era de se esperar na minha volta não posso deixar de falar das minhas refeições mais recorrentes. O Venga! no Rio é uma dessas descobertas incríveis q eu nunca canso de voltar. Quando quero uma coisa rápida, porém, saborosa é para lá que eu vou, vale ressaltar que só fica rápido depois que vc senta em uma das mesas mais concorridas da Dias Ferreira. O local é bem pequeno com no máximo uns 25 lugares sentados, mas eles já até servem algumas coisas na calçada para fazer a espera menos dolorosa.

No Venga quase tudo é muito gostoso. Não tem nenhum elemento extremamente criativo, dado que é uma casa de tapas q segue a risca as receitas mais tradicionais da Espanha. Mas quando a execução é tão bem feita, o restaurante salta aos olhos. Eu sempre peço o novo Croqueta de Paella, que é um bolinho de arroz, com queijo gruyere derretido dentro, espetado em cima dele esta um camarão terno, com aquele gostinho de chapa! A combinação do queijo q explode com o arroz e a croncância do bolinho são incríveis, sabores sutis que deixa o camarão aparecer.

O meu prato favorito é um delicioso polvo a la galega. O polvo vem na textura perfeita, macio, mais uma vez com aquele gostinho levemente queimado da chapa. As batatas são pequenos pedaços cozidas al dente, com páprica envolta delas. A textura do polvo com as batatas é impecável e esse prato fez vários amigos que não gostam de polvo gostarem. Eu tb adoro a tortilla de batatas que é um clássico espanhol e lá não deixa a desejar. As lulas fritas vem sequinhas com uma casquinha que se desfaz na sua boca, com um delicioso molho leve, impossível comer uma só.

Já comi uns sanduíches lá, mas nada que tenha me marcado tanto quanto os pratos acima. Para finalizar não deixo de pedir os Churros que vem com uma calda de chocolate que meus amigos chocólotras adoram, mas eu como apenas o Churros. Além disso, uma boa carta de espumante e duas deliciosas opções de sangria completam a minha noite sempre no Venga. Não para não volta.

Venga
Rua Dias Ferreira, 113
Tel – 21- 2512-9826
Rio de Janeiro

3***
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Wednesday, August 11, 2010

Bottagallo - Para fazer a Nonna suspirar

Ao longo dos últimos meses fui algumas vezes ao novo empreendimento da Turma do Braz, o Bottagallo, uma casa de “tapas” italianas que faz qualquer nonna suspirar. O restaurante tem alguns componentes incríveis: serviço rápido, chopp espetacular e o mais importante comida de primeira. Eu tenho certeza que não sou o único a achar isso, uma vez que as filas beira o intolerável, chegar depois das 21:00 torna o programa um tanto menos agradável.

O menu é dividido em seções sendo que as últimas que são macarronadas e carnes eu nunca cheguei perto. Sempre fico nas pequenas porções para dividir, que acredito que é onde está o forte da casa. Para começar, sem dúvidas recomendo a Scarpetta uma simples tigela de molho de tomate, a minha preferida ainda vem incrementada com uma calabresa rústica. O molho é profundo e aveludado, pouco acido e com uma textura incrível. Este vem acompanhado de dois tipos de pães que podia vir mais quentinhos, mas na casa dos italianos o pão também é servido assim, portanto, acho perdoável.

Sempre peço um plim no quardanado, uma massa simples e recheada com uma carne que tem o gosto de um longo cozimento, a massa é sequinha, servida em um guardanapo, perfeito para uma mesa grande e uma boa taça de vinho. Além disso, o Ovo Guido é sempre uma boa pedida, um ovo com cozimento lento que tem uma leve gema sobre um molho de trufado q está longe de ser enjoativo como nos outros lugares, para completar, uma deliciosa torrada super crocante, que brinca com a textura do ovo.

O meu prato favorito é o Gnocchi Dourado, que é o melhor que já comi. A massa excepcionalmente leve, com um gostinho distante de manteiga queimada, acompanha uma ricota fresca, rúcula e cubos de tomate. O contraste frio da salada com o morno gnocchi é espetacular. O ponto alto sem dúvida é a massa que me faz sempre comer mais do que deveria. O outro destaque é a costelinha de porco que solta do osso com facilidade e tem um sabor super intenso. Já provei vários outros pratos, sendo a Lula o único q eu não recomendaria, com um molho muito ácido e o molusco um pouco cozido em excesso, essa foi a minha única decepção.

Por fim, a panacota é outro primor, leve e saborosa é o ponto final perfeito para uma refeição lá. O serviço é estilo Braz, rápido e informal, entrega sem encantar a não ser pela agilidade. As sugestões dos garçons nunca são os meus preferidos e simplesmente desisti de escutar eles. Por fim, o ambiente é muito gostoso, bem informal com talhes em copos e muita madeira, fazendo com que fique bem aconchegante. Os preços não são exatamente baratos, mas vale pela qualidade da comida.

Bottagallo
R. Jesuino Arruda, 520
Itaim Bibi
Tel - 11-3078-2858

3***
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Wednesday, July 28, 2010

Orienthai - Meu novo vício, mas não é restaurante.

Há quase um ano atrás a vida foi complicando a preguiça foi batendo e eu fui ficando sem tempo nenhum de escrever. Este blog sempre foi uma diversão para mim e nos últimos meses tenho sentido falta de falar aqui sobre comida. Então decidi q vou tentar voltar a escrever, talvez com um pouco menos freqüência do que já escrevi um dia, mas sem vergonha de postar algo novo por mês. Afinal de contas, ainda tenho uma série de pessoas q me pergunta: “ E seu blog, parou foi? Pq?”

Para voltar a escrever eu escolhi exatamente um não restaurante, mas sim um serviço de entrega de comida que tem me trazido, ultimamente, muita felicidade. Eu, às vezes, sonho com chegar em casa e pedir a comida oriental do Orienthai – que já foi chamado de Orient Express, q eu achava um nome melhor. Orienthai serve comidas do sudoeste asiático, Índia, Paquistão e redondezas. O cardápio é didático e muito bem explicado e conta com uma série de opções.

Das entradinhas o samosa de carneiro e legumes vem com uma massa sequinha, cheios de recheio, quase uma refeição. Vem com um tempero leve, talvez adaptado para o nosso paladar ocidental, acompanha um leve chutney de manga, que podia ser um pouco menos industrializado, mas fica bem, balanceado o sabor das samosas. O Onion Bhajee é um bolinho de cebolas empanadas que perde um pouco da sua crocância devido a entrega, portanto, sendo o que menos recomendo das minhas aventuras.

Os pratos principais, que provei, todos são gostosos. O grande destaque vai para o Panaeng Beef Curry que é um ensopado de tiras de carne, com um molho levemente picante, amendoins torrados e nirá. O prato é suave graças ao leite de coco, meloso mas com a leveza do nirá o prato é um convite a comer mais. Sempre uso muito do delicioso molho de pimenta fresca q eles mandam para aumentar ainda mais o contraste da melosidade do leite de coco com o ardor da pimenta. Para acompanhar qualquer prato eu sempre peço o pão paratha, que é feito na chapa, uma fina folha de pão semi crocante q serve de ajuda para os meus Hashis, depois para raspar o delicioso molho.

Nesta semana eu provei, por recomendação de um amigo dado que estava viciado no prato acima, o Murg Korma um ensopado de cubos de peitos de frango, com molho espesso a base de iogurte que suaviza o curry, ainda tem um toque de castanhas de caju que fazem contraste com a suculência do frango. Mais uma vez o molho de pimenta completa bem o prato.

Nunca comi sobremesa lá, até porque as porções são enormes e normalmente como em duas parcelas. O serviço pode melhorar ainda um pouco, apesar do atendimento ser educado e simpático a entrega as vezes demora um pouco mais do que o aceitável. Por fim, os preços, se vc considerar a qualidade e que dá para repetir ou dividir, são bem aceitáveis. O ambiente da minha casa, esse nenhum restaurante bate. Mas bem que o Orienthai podia colocar umas mesas ali na San Martin, com certeza viraria habitué.

Orienthai
http://orientxpress.com.br/
Tel 21- 2512-3592

3***
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Thursday, October 22, 2009

Ulus 29 - Uma bela vista, com um bom restaurante

Istanbul é uma cidade feia, pronto falei! Mas uma cidade que dentro da sua feiúra, de prédios velhos e transito caótico, tem mesquitas incrivelmente bonitas e iluminadas a noite. Além disso, o rio que cruza a cidade cria uma sensação de amplitude muito bacana. Mas o mais importante, a cidade sabe tirar o melhor de si, aproveita as suas vistas, iluminas as suas pontes e mesquitas e transforma a ilha do governador do oriente médio (em honra de Sarkozy) uma cidade encantadora.

A comida turca é muito gostosa, mas o melhor restaurante que fomos lá é um de comida contemporânea, Ulus 29. Fica em um bairro quase que residencial que seu taxista turco irá te cobrar 5 vezes mais que ele cobraria de um local. Ao chegar ao local vc se depara com um salão over decorated, com um toque kitch. No entanto, isso é até vc ver a belíssima vista que temos do Rio Bósoforo e toda a cidade iluminada abaixo. A vista é realmente de tirar o fôlego, imagino que se o Vidigal não tivesse lá, o Rio poderia ter um restaurante como essa, só que com uma vista ainda mais bonita.

Para entrada eu optei por vieiras seladas com foir gras e uma leve mousse de wassabi. A combinação da viera com o foi gras é uma delicia, as texturas se contrastam e a profundidade do foie gras, com o sabor limpo da viera são imbatíveis para completar uma nota de wasabi. A execução estava boa, mas deixou a desejar. Para prato principal eu pedi o camarão pistola com molho apimentado de cebolinha e pimentões com torradas de Aioli, o camarão estava no ponto, e o molho era profundo e apimentado no ponto certo, mas até agora eu me pergunto o que aquela torrada estava fazendo ali.

O serviço foi amigável, apesar do pouco conhecimento do inglês para um restaurante desse nível. Além disso, a carta de vinho era cara, mas essa parece ser uma característica de toda a Turquia. No final as contas a comida é boa, mas a vista e ambiente são espetaculares.

Ulus 29
1 Kireçhane Sokak, Adnan Saygun Caddesi, Ulus Parkı
Ulus
Istanbul
Turquia
Tel: 90 212 265 6181

3***
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Monday, September 21, 2009

Ping Pong - gostinho de China cool chega em São Paulo

Quando estava de malas prontas para a China só pensava em o que iria comer, havia ouvido de várias pessoas que a comida era horrível e que não gostaria. No entanto, me lembrava com boas recordações de várias refeições em restaurantes chineses espalhados pelo mundo. Em Londres eu aprendi a delícia que pode ser uma refeição inteira de Dim Sums, que se aproxima de um guioza esteticamente, mas é completamente diferente na prática. Existe uma série de tipos, inclusive o rolinho primavera é um desses.

Em Londres eu fui iniciado ao hábito e acabei conhecendo a rede de restaurantes especializados nessa delícias, a Ping Pong. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que logo ali no Itaim, em frente a Cebicheria La Mar (assunto para outro post), havia aberto uma filial da mesma cadeia. O local me remeteu a Londres, com uma decoração super bonita e igualzinha a das filiais britânicas, mesas redondas comunitárias com bancos baixos, ou mesas de bar com badeiras mais altas, tudo preto, com uma parede de plantas – a versão pobrinha do Káa – no final do salão.

O cardápio está com os nomes ainda em inglês, mas com as explicações em português, divido em categorias entre os fritos, feitos no vapor, puffs (pão chinês recheado feito no vapor) e outras especialidades, bem didático para o público não acostumado. Cada pedido ver com 3 dim dums, então em uma mesa grande o ideal é pedir uma série de coisas para que se possa experimentar todos os sabores.

Pedimos algumas coisas, um delicioso rolinho harumaki de pato, com molho agridoce, que estava super crocante, com pouca gordura e com o gosto do pato marcante. Um ultra crocante de camarão, com macarrão frito por fora, dando uma aparência de ouriço. Pedimos um puff de vegetais, que achei um pouco massudo de mais, em comparação com os que já tinha experimentado, mas os vegetais que estava dentro eram deliciosos, talvez um pouco mais de recheio para balancear resolvesse parte do problema. Os dim sums no vapor que são os mais difíceis de executar foram os que mais deixaram a desejar. Normalmente é uma massa super delicada com uma explosão de sucos na primeira mordida, e por isso são pequenos e delicados. Os de lá eram tinham a massa um pouco grossa de mais, e sem os sucos que tornam a experiência tão mágica, o sabor estava bom, com um tempero leve.

Para sobremesa pedimos uma mousse de pistache, que estava bastante honesta. O serviço foi esforçado e simpático que é tudo que se pode pedir de um soft opening. Eu voltarei por vários motivos, mas principalmente a saudade de uma refeição só de Dim Sums.

Ping Pong
Rua Lopes Neto, 15, São Paulo
Tel. (11) 3078-5808

3***
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Thursday, September 17, 2009

Piantella - Um clássico que tem seu valor

Tem certos restaurantes que são clássicos, que se vc perguntar aos avôs mais tradicionais das cidades eles vão recomendar sem hesitação. No Rio de Janeiro, acho que esse título vai para o Antiquarius ou que sabe D´Amici. Já em Belo Horizonte , o Veccio Sogno cumpre esse papel. Em Brasília, esse título vai para o Piantella, antro dos políticos da capital, este restaurante é cercado de lendas e rumores sobre o que já foi decidido sobre o nosso futuro ali. Sem dúvidas o ambiente não é nada especial, mas é a aura que traz as pessoas.

O restaurante se propõe a ser um clássico italiano, com um cardápio amplo de opções de massa. O serviço é bastante cordial, mas imagino que com a casa cheia de poderosos, a qualidade para os mortais possa cair, dada a falta de atenção em alguns momentos mesmo com o restaurante vazio. O courvet que nos foi servido era simples, com um pão baguete um pouco duro de mais, para um restaurante desse nível. Nos foi oferecido ainda uma muzzarela de búfala (?) no azeite, que estava dura de mais, talvez até dormida.

Para prato principal eu pedi um linguado com molho cítrico,e legumes cozidos em tirinhas. O peixe estava no ponto certo, molhado como devia ser, o molho era leve e tinha umas tirinhas da casca de frutas cítricas que acrescentam uma acidez leve a sutileza do sabor do peixe. Os legumes cortados em pequenas tiras, puxados no azeite estavam al dente. O prato era bastante sutil, vindo de um restaurante estilo avô, acabei surpreendido.

Não ousamos nas sobremesas, um dos defeitos de almoços corporativos, mas o café estava bem tirado com biscoitinhos delicados.

Piantella
Cls 202 Bl A s/n lj 34
Brasília - DF, 70232-515
Tel - 61 3224-9408

Brasília – DF

3***
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Wednesday, April 29, 2009

Alfaia - In é ser simples!

Segundo a Alexandra Forbes, uma das blogueiras mais cools que conheço, está “in” coisas menos extravagantes, principalmente as com altíssimo custo benefício. Tempos de crise não são nada fáceis para os perdulários. Juntei isso a dica de um amigo, que sempre respeito, que é obviamente a definição de understatement – há algo mais cool que isso? Descobri um dos melhores restaurantes portugueses: ali no meio de Copacabana.

O Alfaia é um desses clássicos cariocas, onde a decoração é cafona e conta com prateleiras de madeira e vinhos no roda teto. Os garçons são velhos conhecidos dos freqüentadores habitues e usam um terno branco alvo, com uma gravata preta! Há algo mais Rio de Janeiro anos 60 que isso? Os pratos são servidos em baixela de inox e as mesas são forradas com uma toalha branca, meio desgastada por cima de uma colorida.

Para começar pedimos um bolinho de bacalhau, que chegou quentinho e dourado, por dentro muito bacalhau uma textura perfeita. Para comer dentre as muitas opções ficamos com o bacalhau ao murro. Duas lindas postas de bacalhau, levemente douradas, só com aquela crocância por fora. Para acompanhar: batatas ao murro que estava macias e levente puxadas no azeite, pimentões e cebolas grelhados, ambos com poucas áreas queimadinhas só para contrastar os sabores. A cebola era macia e docinha um verdadeiro sonho. Havia um molho de alho e azeite quente, mas não foi o meu favorito, a simplicidade do prato não pedia mais nada a não ser um fio de azeite.

Levamos os nosso vinhos que foram servidos com simpatia pelos garçons. Esses eram muito atenciosos e ágeis, coisa pouco comum aqui no Rio. A dose foi tão boa, que repeti na semana seguinte, pedi o mesmo prato, para ver se era verdade. Ainda bem que sim! Até porque em tempos de crise....

Alfaia
Rua Inhangá ,30 - loja B
Copacabana – Rio de Janeiro
Tel – 21 -2236-1222

3***
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Thursday, April 09, 2009

Le Compotoir du Relais - When the inovation is actually the classic!

The beggining fo all this trend in Bistronomique basically started with Yves Canderborde, when he left Le Relégade, and decided to serve simples, classic, good food for affordable prices and his very charming Le Compotoir de Relais. This little bistro is located in the always charming Saint Germain area, close to the Odeon. The restaurant is a small “aquarium” style with a few tables outside where you can do one of the Parisians favorite sports: People watching. We set outside and it was a tad cold, no worries, they provided us with some blankets to our legs!

The service is quite Parisian, slightly rude but very efficient! The menu was vast and full of classic and a bit edgy choices. I was craving for a real patê de campgane, since I had arrived in Paris and could not resist when I saw that beautiful white porcelain squared bowl full of this Patê. It was a great choice, it was heavy and very deep tasting, with the forestry taste, with a great Italian bread toast! I could not eat it all, cause it was huge, but is great start for a large group to a taste of country France.

For main I had the belly pig, imagine a VERY thick bacon, I know it sounds disgusting, cause of all the fat part, but I promise it is not! The meat part was incredibly tender and moist, with a rich flavor; the fat part was almost creamy and was a interesting mix of textures with the more consistent part. It was lying in a bet of this velvety mashed potatoes, and covered with this tangy sauce, with a heavy dosage of butter! As French as it gets!

Also in the table it was order this galette (a young chicken, sorry!) , that was cooked very simples, baked, and served with potatoes. Nevertheless it had a wonderful light mustard taste a very crispy skin and was so moist that I wondered how that was possible. This is as classic as it gets, but sometimes is that you want from Paris?

Le Compotoir du Relais
Carrefour de l´Ódeon, 5
Paris (m: Ódeon)
Tel: 01 44 27 07 97

3***
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Tuesday, April 07, 2009

Le Timbre – If only that was the average waiter!

As u may had noticed I had been in Paris eating in this nice little bistros that don´t charge u a fortune for wonderful food. If I had to pick the restaurant that best represents this, from my trip, it is Le Timbre. This tine little 24 people restaurant is not located in any of the fancy areas of Paris, it is hidden in a hard to get street, with just a big window that u can see the entire restaurant from outside. Two rows of table, half seat on the couch the other half on little wood chairs, to get to the sofa u must pull your table, actually the waiter will do that.

The service was incredibly nice for Paris, maybe because the waiter was from Manchester and not Parisian, but what stroke me as remarkable was not how nice he was, but the fact that he was the SINGLE person in the restaurant. After a few moments I realized he was the Chef, waiter and host! Absolutely incredible, considering the quality of the food and the service.

We took the full menu, I started with escargot and lentils, with a herb olive oil. The textures were wonderful, the slightly floury part of the lentils with the firm, escargot. The iron flavor of the lentils with the delicate escargots. As my second I opted for the classic, confit de carnard with mashed potatoes, the duck was perfect extremely crispy on the outside and moist in the inside, with the fatty after taste that completes so well the deepness of the duck flavor. The mashed potatoes were rustic and with a touch or garlic were wonderfull complement to the duck.

The deserts were also great. I had a Mil Foglie, a thousand layers  with a vanilla cream that was 3 layers of a wonderfully crispy biscuit with a very delicate cream, nice textures. Also we had a pear cooked in brandy with some honey, the tastes balanced very well. The food was remarkably well executed for a single person restaurant, nothing fancy but very tasty. In the end the check was affordable even cheaper then average touristy places in Paris.

Le Timbre
Rue de Sainte Beuve, 3
Paris 75006
Tel 0145491040

3***
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Monday, April 06, 2009

Aconchego Carioca - Comida de verdade em boteco de respeito

Descobrir boa comida baiana fora da Bahia é um desafio que me persegue como baiano. O Rio de Janeiro é cheio de bons restaurantes e botecos com boa comida, mas neste final de semana eu conheci o Aconchego Carioca, que já vem sendo super badalado aqui pelo Rio, mereceu até visita de Pierre Troigois em sua última visita. O carro chefe de lá é o famoso bolinho de feijoada, uma invenção da chef Katita que é dos deuses, com um recheio de couve quase crocante, e um gosto de feijoada profundo e saboroso.

Também comemos o bolinho de aipim com molho de bobó, em minha opinião, o melhor da casa, dourados por com uma massa bem leve e macia. Com uma provinha do delicioso bobó para ser jogado por cima como molho. O engraçado é que isso não deixa de ser uma releitura de um clássico, ela brinca com a textura natural de um bobó que tem o creme de aipim muito cremoso, quando aqui ele é mais massudo.

Para o prato principal pedimos um Bobó de verdade que veio acompanhado de uma deliciosa farofa de dendê, como só tinha comido na Bahia, bem amarela e crocante. O bobó era aveludado, com a dose certa de dendê para os paladares cariocas. Os camarões graúdos e carnudos cozidos no ponto certo eram a estrela, embebidos no molho leve e cremoso do bobó. Sem dúvida um dos melhores que já comi na minha vida. Além disso, pedimos um escondidinho de carne seca, que vem gratinado com queijo derretido por cima, mas o purê de aipim que normalmente cobre esse prato é mais leve com uma textura mais para um suflê. A carne seca vem em tirinhas, e não desfiada, fica bem saborosa, com aquele gosto de manteiga de garrafa.

O bar/boteco é em uma rua antiga e descuida da tijuca com poucas e disputada mesas. O ambiente é de um típico boteco carioca com mesas pequenas apertadas e com moveis com cara de velhos. A decoração é simples e cheia de referências ao incrível menu de cervejas que deixa qualquer apreciador feliz, tem de tudo por lá das clássicas a as excelentes e caras importadas.  Mas me desculpe a estrela lá com certeza é a comida!

Aconchego Carioca
Rua Barão de Iguatemi ,388
Praça da Bandeira – Rio de Janeiro
Tel - 2273-1035

3***
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Tuesday, February 17, 2009

Arturito - Comida marcante em ambiente estranho.

Tem alguns restaurantes que causam polemicas sendo o Arturito um dos que mais causou na blogosfera recente. Em um posto do ótimo Que bicho me mordeu, ele foi considerado confuso entre querer ser fashion week e comida sólida, não por menos a chef os convidou para uma visita a cozinha. Vale a pena ler a polemica por lá. Depois de tanta confusão eu decidi que eu tinha que ir conferir. O restaurante é da chef Argentina Paola, que já passou pelo Dona Júlia (que fui semana passada e adorei) e do Figueira Rubayat.

O restaurante é meio escondido em uma pequena casa, com decoração bem moderna! A iluminação é bem baixa e em seu corredor comprido o resturante parece de fato, uma passarela de desfile. O bar imponente completa a decoração moderna, além disso, um pedaço do restaurante tem um teto retrátil que deve ser agradável em noites estreladas. A decoração de alguma forma é toda muito escura. Logo na entrada pães com jeito de caseiros, uma cremosa manteiga salgadinha e um pratinho de azeite com alecrim e parmegiano ralado. Os pães não eram nada de especial, mas cumpriam bem seu papel.

Depois de sofrer um pouco para achar um vinho com preço justo na carta que me pareceu levemente over priced, partimos para a escolha dos principais. Eu fiquei com o ojo de bifé curado e purê de batatas Robuchon,  a carne era bem diferente do que estamos acostumados, mas não menos saborosa. Com uma crosta bem sequinha, e levemente adocicada devido ao processo de curagem, o miolo é um belíssimo ojo de bife, no ponto certo, rosado e macio. Esse contraste de texturas é realmente muito bom, me lebrou um pouco uma carne do sol muito bem feita. O purê de batatas que vinha em uma panelinha separada era muito macio, mas de consitência firme, mais uma vez aqui com um sabor mais leve, mais creme de leite ou manteiga e menos batata, estava sensacional. Na mesa ainda pedimos um Spagetini de frutos do mar que foi elogiado,além de um fagoto (grão de trigo) cozido como risoto com aboroas grelhadas que estava uma delícia.

Para a sobremesa profiteroles que estavam muito bons, aerados, leves e simples. O serviço era muito atencioso e sugestivo, dando atenção na dose certa durante toda a noite. Imagino que em noites mais movimentadas a experiência possa ser diferente, pois nesta noite estava bem vazio. No final das contas, a conta foi um pouco mais cara que eu imaginava, mas sempre tenho que me lembrar que estamos em São Paulo.

Arturito
R. Arthur de Azevdo, 542
Pinheiros – São Paulo
Tel – 11 – 3063 – 4951

3***
$$$$

Thursday, February 05, 2009

Le Pré Catalan - Um francês como deve ser

Era meu aniversário e depois desse blog eu decidi que merecia uma comemoração digna de uma comensal. Tinha um bom tempo que eu não ia ao Le Pré Catalan, restaurante do chef Roland Vilard, que havia sido todo reformado. A reforma ficou sensacional, os móveis de madeira escura, quase preta, e estofado clarinho, sem tolhas de mesa só com uma passadeira branca. As mesas e cadeiras arredondadas combinam com o formato da sala que tem o mesmo formato, beirando a janela com a linda vista da praia de Copacabana. Olhando para dentro todo o restaurante é coberto por leves cortinas brancas, que nos dá uma impressão de surpresa por trás, e de fato somos surpreendidos pela cozinha do Chef.

Cheguei sozinho e decidi que eu merecia um belíssimo jantar e pedi uma taça de champagne para começar minha noite. Na mesa uma cestinha com grissinis amanteigados que se desfaziam na boca e torradas com azeite de oliva ultra finas que estalavam na boca. Resolvemos que fazer as escolhas no menu seria muito doloroso porque não pedir e Menu Confiance e deixar o chef nos impressionar com 10 pratos?

Antes de começar nos foi oferecida uma seleção de pães todos quentinhos e maravilhosos, meu preferido, nozes com passas. O primeiro prato foi um mini gaspacho, com um cherne envolto em um cream fraiche, estava gostoso, com bons contrastes e salgadinha; havia um outro pratinho que era um cogumelo com farofa de anchovas, incrível, levemente amanteigada e crocante faziam um belo par com o cogumelo cozido no ponto certo.

A salada de lagostim com uma levíssima maionese de ervas e massa philos crocante e sequinha, sob pequenos cubinhos de aipo, pimentões e tomates estava espetacular. O lagostim estava no ponto certo, e contrastava bem com a massa crocante enquanto os pequenos cubos davam o frescor enquanto quase que estalavam na sua boca. Seguindo esse prato nos foi servido uma costela de tambaqui, peixe de rio do norte, com molho de tomilho fresco e um purê de barôa defumada, o peixe estava macio e levinho, com um molho que dava toque de ervas para aquela carne firme. O purê, ou seria um mousse, talvez um souflê, era tão macia, quase com textura de algodão doce, e um gostinho defumado distante.

Em um restaurante tão francês, o Foie Gras não podia deixar de ser a grande estrela da noite. A trilogia de foie gras, trazia ele fresco – não tem como errar – com uma geléia de figos e brioches, eu gosto mais com geléias mais doces, mas estava sensacional. Um ravióli de foie gras com alho poro, massa perfeita, profundo pela gordura do foie como pelo tempo de cozimento daquele caldo do alho poro. E por fim ele selado sobre uma tortinha de maça, que estava espetacular, o foie gras é macio, quase viscoso, que contrasta com a maça levemente cozida, sua gordura com a refrescância da maça. Neste ponto já estávamos tomando um belíssimo e honestíssimo St. Emilion 2003.

Para limpar o paladar e uma granita de frutas vermelhas e champagne, simplesmente o que vc precisa para tirar da sua boca o sabor persistente do Foie Gras. Entramos nas carnes empolgados, primeiro veio uma vitela, com molho do próprio cozimento e legumes, a carne poderia estar um pouco menos passada, mas seu molho era balanceado e os legumes estavam ainda levemente crocantes e faziam uma combinação muito boa. Depois chegou uma palheta de cordeiro, no ponto certo com batatas em cubos, ainda meio durinhas com um levíssimo molho branco, o prato era simplesmente uma boa execução, mas nada de surpreendente.

Até esse momento o serviço me parecia uma sinfonia perfeita! Tudo estava sincronizado, mas parece que fomos esquecidos e o prato mais simples que seguia, uma  combinação de queijos demorou mais de 20 minutos, inadimissível em um jantar como esse. Mas eu perdôo até isso. O prato de queijos era formado por pequenos pedaços de queijos de verdade - nada dos tipo brie - o chevre estava especialmente bom, com mais pães fresquinhos. O nosso Sauternes combinava perfeitamente com os queijos e preparava nosso paladar para os doces.

Para sobremesa começamos com umas provinhas do carrinho do chef de patisserrie, que sinceramente deveria abrir uma loja em separado para vender as delicias deles. Provei os ovos nevados, que estavam aerados e leves como devem ser. Um suspiro/macarron com um leve creme de nozes dentro era inacreditável, a cada mordida ele se desfazia na boca deixando o sabor forte das nozes sem excesso nenhum de açúcar.  Segundos os chocóltras na mesa a mouse de chocolate também estava um sonho.

A sobremesa de verdade era um profiteroles, com uma calda de chocolate que eu não provei. Para mim uma seleção de sorbets, todos refrescantes e naturais: cupuaçu, graviola, tamarindo, manga e mangaba. Acompanhado de Madeleines muito boas. No café ainda fomos agraciados com uma mini torta de limão com massa se esfarelando e um creme perfeitamente acido. Na hora de ir embora, umas caixinhas com dois macarrons. Eu que era aniversariante e ainda ganhei em uma linda caixa uma torta do chef de pâtisserie, adoro esses mimos.

A refeição não é nada barata, mas para ocasiões especiais acho que vale a pena. Este é um programa para os apreciadores de uma boa culinária francesa, com alguma influência de ingredientes nacionais e execução quase sem falhas. Dito isto, não há nada de muito surpreendente, apesar de muito bom.

Le Pré Catalan
Hotel Sofitel – Avenida Atlântica ,4240
Copacabana – Rio de Janeiro
Tel – 21 - 2525-1160

3***
$$$$

Tordesilhas - Pedacinhos do Brasil em São Paulo

Existem lugares que te transportam, fazem vc sentir que vc não está mais onde vc estava a 10 minutos atrás. Encontrei em São Paulo um lugar assim, o restaurante Tordesilhas te tira do meio da confusão da Avenida Paulista, e te faz sentir como se vc estivesse no Nordeste, ou quem sabe no norte! Fica em uma casinha com cara de cidade pequena – que estranhamente São Paulo tem várias – com uma decoração simples, com motivos regionais.

A comida é completamente focada nos produtos brasileiros, 100%. Tem pratos típicos sem tirar nem por, assim como os pratos que a chef, usa os ingredientes, mas faz alguma releitura. Para começar pedimos queijo coalho com melaço, estava completamente crocante e queimadinho por fora e macio por dentro, com gosto de praia. Também pedimos uma lula sob purê de banana da terra, que estava com uma textura macia envolto em um leve molho de tomates fresco e deitado sob um creme leve de banana, era cremoso e macio, mas sem o excesso de gosto de banana. Quase como uma pintura renascentista de uma mulher sob uma cama forrada de colchas de veludo.

Para principal resolvi testar uma das receitas tradicionais, pedi o pato no tucupí (olha ele aqui de novo!) com farofa de água. O pato estava cozido no ponto certo, com a carne se desfazendo e soltando do osso. O molho era mais forte que lembrava, com doses ácidas e agudas, talvez levemente amargas que balanceavam com o pato. A farofa estava um pouco dura de mais, mesmo molhando com o molho.

O resto da mesa pediu muito bem, destaque para o badejo grelhado com molho de moqueca, caruru e arroz. O badejo simples e bem feito, com o caldo da moqueca estava perfeito, um perfume sem ser dominante, me senti na Bahia. O guizado de carne seca em cubinhos com pirão de aipim estava também muito bom, pirão cremoso, leve e o guizado muito saboroso. Os pratos era enormes e poderíamos até ter dividido.  O serviço foi levemente ruim, tínhamos que chamar atenção do garçom várias vezes.  Ao sair de lá fiquei com a sensação que tinha que voltar para experimentar de novo outros pratos, existe indicação melhor?!

Tordesilhas
R. Bela Cintra, 465
São Paulo – SP
Tel -11- 3107-7444

3***
$$$

Wednesday, January 28, 2009

Shin Miura - Good old classic

O centro do Rio de Janeiro é pavoroso em muitos sentidos, mas em meio a todo o caos dos camêlos, milhões de pessoas andando apressadas e do calor desumano do Rio de Janeiro existem tesouros gastronômicos, como o Bar Luiz, o Eça, o Gourmet by Celidônio e o Shin Miura. Sendo esse último um dos meus favoritos por aqui, este é um japonês bem tradicional, cheio de japoneses almoçando por lá, o que já é atestado de qualidade. A decoração assim como do Azumi, em Copacabana, é péssima, com mesas de granito, parede com calendários japoneses e serviços americanos de plástico do Saara – 25 de março carioca.

O serviço depois de muito freqüentar e reclamar se tornou bom, mas as primeiras vezes são sofridas. Mas tudo é compensado pelos pratos da casa. O menu é hibrido, tem os super clássicos japoneses, como aquelas sopas de macarrão e legumes, os sushis, os teppanyakis – coisas na chapa - até um menu degustação do super criativo Nao Nara que faz inveja a qualquer restaurante contemporâneo. O chefe Nao acabou de abrir seu próprio restaurante no Fashion Mall, vizinho da CT Brasserie, com esse menu mais moderno e mais caro, obviamente.

Eu já experimentei muitas coisas lá, mas o Teppanyaki de Lula é um dos meus favoritos, é uma lula levemente empanada, provavelmente só com farinha de trigo, passada nessa chapa com legumes na chapa e arroz. A lula vem sequinha e macia, a parte de dentro ainda tem uma textura ainda mais macia, quase que cremosa. Os legumes são crocantes ainda, mas ao menos tempo não são mais crus, acho que o calor elevador e a velocidade de contato conseguem isso. O arroz é grudadinho e tem aquele gosto agudo que o arroz japonês tem, dada a alga que eles conzinha junto.

Os sushis de lá também são bem gostosos, cortes preciso e com sahimis gordos, como falei o arroz é muito bom e os rolls são firmes. Os invencionismos ali se limitam ao hot philadelphia e um califórnia de morango. Além disso, só sushi bom e simples. Os pratos da degustação são uma história completamente diferente, coisa como magret de cannard com calda de framboesa e coulies de brie, todos que eu provei até hoje eram muito bons, mas é uma brincadeira cara (R$ 77 reais por uma degustação de 4 pratos) que não combina com o almoço no centro corrido. Não posso esperar para jantar no Nao, no Fashion Mall esses pratos.

Shin Miura
Avenida Rio Branco ,156 - 3º andar,
loja 324 e 325 (Edifício Avenida Central)
Rio de Janeiro
Tel - 21-2262-3043

3***
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Friday, January 23, 2009

Boteco Casual - Tesouso no centro do Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro tem uns lugares que são a sua cara, displicentes, confusos e deliciosos como a cidade é. O boteco Casual no centro do Rio de Janeiro é provavelmente a síntese do Rio de Janeiro, boa comida, ambiente caótico e completamente displicente. Eu fui em um almoço desses de trabalho corridos,  o que muda muito o seu nível de expectativas, imagino que se tivesse mais tempo, não me arrependeria também.

O Casual fica em uma casa antiga no centro do Rio de Janeiro, na Rua do Ouvidor, onde não se passa carros, é uma rua que poderia ser muito mais charmosa se bem conservada, porém, esse desleixo só torna o local muito mais carioca. Com poucas mesas, sugiro que se tenha paciência nos dias concorridos, que depende dos pratos do dia, uma vez que os pratos do cardápio normal demoram muito e torna o almoço um processo não sugerido nem pelo próprio garçom para os apressados.  

Ficamos em uma mesa na rua, que é calçada e no meio do movimento da rua, poderia haver algo mais displicente que isso? Eu pedi um peixe vermelho, levemente empanado, com molho de cenoura, arroz de brócolis e batatas ao murro. O peixe estava no ponto certo, levinho e apesar de frito, sem excesso de gordura, o molho de cenoura levava mais alguma coisa, talvez uma mostarda escura e tinha uma profundidade gostosa. As batatas estavam bem executadas, macias e com um gosto leve do azeite na casca, o arroz com aquele gosto de tempero caseiro completava o prato super honesto e com excelente custo benefício.

Mas o grande destaque veio na sobremesa, pedimos os pastéis de Belém, ou de nata – como vc preferir. Eles chegaram quentinhos na mesa, polvilhados com um pouco de açúcar e canela, a massa era folhada sem excesso de manteiga e levemente crocante, mas aquela crocância de massas delicadas que o toque da língua fazem ela se desfazer. O recheio um creme meloso, aveludado e levemente morno, uma dentada enchia a sua boca com este até a massa estalar na sua boca, perfeição simples na combinação de texturas.

O serviço é levemente desatenciosos mas para um almoço rápido está dentro do esperado, no final das contas, é um programa carioca e ser marrento é parte do show. A conta foi módicos R$20 , para uma refeição acima da média, de fato um achado.

Boteco Casual
Rua do Ouvidor, 33
Tel – 21-2232-0250

2**
$

Ps: pela sobremesa só seria 3***

Friday, January 16, 2009

Maní - displicência e criatividade

Desde que comecei a ler mais sobre comida e gastronomia tinha ouvido muito falar de um ingrediente chamado Tucupí, que é o caldo da mandioca brava que deixa sua boca levemente dormente depois de comer. No blog da Alexandra Forbes já tinha ouvido falar que no Maní tinha um prato sensacional de peixe com tucupí e fui experimentar apesar da resistência de minhas companhias, que achavam o menu muito diferente.

O restaurante fica em uma simpática casa, simples, como uma sala principal e um jardim de inverno, além de uma parte dos fundos que tem duas grandes mesas que ficam a céu aberto e mesas na varanda. A decoração é bastante simples com cadeiras e mesas, com toalhas, brancas, paredes também brancas com estantes de livros, e um sofá para a espera, vc quase se sente em casa.

O menu é recheado de dois principais elementos: espumas e ingredientes bem brasileiros, como o Tucupí. Começamos com o couvert que inclui pães quentinhos, pizza branca e um pirulito de parmesão, além é claro de uma coalhada seca e um delicioso queijo de cabra no azeite, com pimenta rosa. De entrada pedimos um dos belisquetes (que tem várias opções, ideal para uma mesa grande de amigos), o bolinho de quinoa com geléia de tamarindo, que estava crocante e sequinho com o gosto de terra da quinoa, sem afetação, simplesmente o grão. A geléia era doce, mas nem tanto e combinava bem com o bolinho, muito bom.

Para meu prato principal fiquei com o prato eleito pelo caderno paladar como um dos melhores de 2008. Um peixe do dia – que neste era um robalo – cozido a baixa temperatura, cubinho de banana da terra, espuma de gengibre e caldo de tucupi. O peixe estava sublime, macio, molhadinho e com um gosto aveludado, a espuma tinha um gosto distante de gengibre que com o tucupi que tem um gosto de um caldo com leves notas mais agudas. Além disso, havia por cima “migalhas maní”, que era como se fosse uma farofa de pão amanteigado crocante, que completava a palheta de texturas, maciez do peixe, crocância da farofa, aerado da espuma e ternura das bananas da terra. Os sabores apesar de muitos ingredientes eram muito sutis e se balanceavam. No final, depois a boca fica levemente dormente, quase que como uma punição por ter comido uma coisa tão gostosa, a sensação é gostosa e faz a experiência ir além da comida em si.

Para sobremesa comemos o “café com leite da padoca”, uma suave mousse de café, com um sorvete de doce de leite e finíssimas torradas de pão, quase transparentes, fritas na manteiga. Mais uma vez texturas balanceadas, se eu tivesse uma crítica era ao sorvete de doce de leite, que estava fraco. A mesa ainda pediu um flan de chocolate africano 90%, em um simpático pote de geléia, charmoso e elogiado, apesar de não ser chocolate suficiente para as mulheres.

O serviço foi de altos e baixos, a hostess/maitre era incrivelmente simpática e solícita, com ótimas sugestões. As garçonetes era um pouco desatenciosas para os procedimentos naturais e foi preciso chamar atenção delas ao longo da noite algumas vezes, como para pedir para retirar os pratos e o menu de sobremesas, para mim isso é inadmissível. Apesar disso, a noite foi muito agradável com uma comida que me faz querer voltar.

Maní
Rua Joaquim Antunes, 210
São Paulo
Tel - 11 3085-4148

3***
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Monday, January 12, 2009

CT Brasserie - Troigos despojado e charmoso

O Rio de Janeiro estava precisando de uma novidade como a que eu experimentei nesse final de semana. Depois de um tempo meio que esquecido pelos moradores da Zona Sul, dados os tiroteios na Rocinha, o Fashion Mall parece estar disposto a ocupar o lugar que teve no começo da década. Neste final de semana fui conhecer a CT Brasserie, um empreendimento do mais carioca dos franceses Claude Troigos, chef de uma linhagem espetacular no sul da França, que está a três gerações com 3 estrelas Michellin no restaurante em Roane. A CT é um projeto bem executado nessa área “nova” do shopping, que é aberto e nos tira a sensação de espera no ar condicionado dos seus concorrentes.

A decoração é típica de projetos que imitam as brasseries francesas, vidros com detalhes, chão de azulejos pequenos, com alguns detalhes, mesas pequenas e cadeiras levemente desconfortáveis. Na parte de fora – mas não tão fora pois está dentro de um shopping – há uma agradável varanda, já dentro temos uma ambiente simpático com pé direito elevado e uma bela vista para a floresta, do lado oposto da Lagoa- Barra. Ao fundo podemos ver o forno de pizza e parte da cozinha.

O menu é um pouco confuso, inclui grelhados, peixes entradas e pizzas o que me deixou um pouco nervoso se ele conseguiria executar todos bem, não provei as pizzas mas depois dessa experiência vou querer voltar para provar. Para começar pedimos um Mule Meuniere, que esteva delicioso, com um molho aveludado e fresco, com os mexilhões saborosos frescos, depois molhar o pão sequinho naquele molho foi um sonho. Além disso, o couvert que era uma pizza branca, pães, um queijo de cabra no azeite e uma manteiga salgadinha e cremosa, deliciosa.

Para meu prato principal pedi um steak tartare da Tia Madeleine, que estava impecável, a carnet era cortada na posta da faca e não moída e podia sentir os pequenos pedaços de cebola e do ovo, além disso, o sabor levemente amargo das ervas que temperam esse prato. Não tenho certeza que a receita do Claude Troigos leva o molho inglês (Worcestershire), que tem um gosto mais marcante que a leveza dessa receita. Os meus companheiros de mesa pediram um pede com costela de cordeiro que estava com uma aparência ótima e foi muito elogiado e uma salada de frango e maçãs, com a cara do Rio de Janeiro.

Não resistimos e pedimos sobremesas também eu fiquei com um mil folhas de morango e chantilly fresco, que tinha 3 camadas de um biscoito intercalados com uma camada abundante desse creme airado e leve, que contrastavam bem com as texturas dos morangos e do biscoito. Mas o destaque sem dúvida ficou com os ovos nevados com as amêndoas crocantes, que ficavam em cima dessa nuvem branca de sabor suave, sob uma calda leve de baunilha (acho que chamam isso de molho inglês também, pelo menos minha avó chama!) . A combinação de texturas e sabores era incrível o doce da calda e da cobertura das amêndoas era balanceado pelos ovos nevados, assim como as texturas balanceavam entre leveza, cremosidade e crocância.

O serviço era bem intencionado mas levemente desatencioso, e necessitava que nós chamássemos a atenção deles durante todo o almoço. Além disso, o Forno de pizza que fica quase que no meio do salão acaba esquentando muito o ambiente das mesas próximas, imagino que se aumentarem o ar condicionado as mesas mais distantes vão ficar muito frias e a comida iria acabar perdendo. Tirando isso, o almoço foi muito agradável e a comida entregou a sua proposta, comida do Claude Troigos com preços e ambiente mais acessíveis.

CT Brasserie
Fashion Mall – 3º Piso.
São Conrado
Tel – 21 -
3322-1440

3***
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