Tuesday, September 14, 2010

Trufas Frescas na Osteria dell`angolo

A vida tem coisas maravilhosas, na minha opinião, uma boa parte delas é de comer! Mas talvez por isso eu gaste quase todo o meu tempo livre falando, quase que sozinho, sobre comida aqui. Esta semana tive o privilégio de comer um jantar com trufas negras frescas, italianas, trazidas por um amigo que conseguiu passar pela alfândega, apesar do perfume enlouquecedor que elas têm. Mesmo após quase uma semana de colhidas, as trufas ainda estavam especialmente aromáticas, com toques térreos e uma suavidade incrível.

Acabamos indo no Osteria dell`Angolo, uma clássico da cozinha italiana no Rio de Janeiro. Começamos com os antipastos da casa, que são na minha opinião o melhor couvert do Rio de Janeiro. Torradinhas sequinhas, uma focacia leve e saborosa, o pão italiano poderia ser um pouco melhor, achei que estava esfarelando de mais e sem a casca crocante. Mas as estrelas são as bandejinhas de delicias: como a conserva de berinjela, que tem pedaços grandes e macios, envoltos por um molho suave e viciantes. A “caponata” de legumes também é muito gostosa. Pausa para a lasanha de berinjela, que poderia ser o meu jantar em condições normais. O mix de lula, camarão e polvo é leve e suave, como deve ser. Sem dúvidas vc pode ficar somente nesses antipastos e em uma bela garrafa de vinho.

Mas a estrela da noite era a trufa, que de fato merecia o posto. Para o primo piatto comemos um tagliatelle de manteiga e trufas, que era a definição de simplicidade, a massa estava cozida no ponto certinho, era uma deliciosa massa fresca, o molho era como devia ser sedoso, com as notas térreas da trufa, que servem como um acalanto. O segundo prato foi uma vitela ao molho de trufas, com uma polenta branca, firme com trufas frescas. A carne estava macia e fazia um bom contraste com a polenta, o molho mais pesado da carne equilibrava bem com o sabor sutil da polenta com as trufas. Apesar de ter tanta trufa não era nada enjoativo, em parte porque o ingrediente fresco é incomparável com o azeite trufado que está presente em tantos pratos. Sem contar que o after-taste da original desaparece de forma suave da boca, enquanto o azeite trufado deixa um esquisito gosto metálico. Para completar os chefs tendem a exagerar nas doses do azeite, que só torna os pratos mais enjoativos. Mas o ingrediente fresco é como uma brisa fresca após uma tarde de sol na praia: presente, marcante, porém sutil e não palpável.

A harmonização não pode ser melhor uma combinação de Brunellos e Barbarescos de fazer inveja em qualquer aficionado por vinhos. O jantar foi espetacular em grande parte devido ao ingrediente, mas não posso deixar de dar créditos a execução muito bem feita do restaurante, que além do melhor couvert do Rio, conseguiu entregar um jantar memorável. Vou voltar lá, para poder experimentar mais pratos e poder entender se demos sorte ou se é aquilo tudo mesmo.

Osteria dell`Angolo
Rua Paul Redfren, 40
Ipanema – Rio de Janeiro
Tel 21-2259-3148

Wednesday, September 08, 2010

Astor - Um belo bar, onde se pestica bem!

O Astor está se tornando um dos meus bares favoritos, em parte porque a música é muito boa, mas também porque não só os drinks são gostosos, como até hoje tinha comido muito bem por lá. Para um bar que se vende como muito boêmio, acho que fechar as 3:00 am, um pouco cedo para uma cidade onde há o baixo Leblon, que até as 6:00 ainda est está funcionando. Mas poucos lugares são tão charmosos como lá, em uma esquina privilegiada, o Astor traz a eficiência paulista a paisagem natural carioca, que é imbatível.

As filas quilométricas, quase a a qualquer hora que você vá, deixa claro que o bar caiu nas graças dos cariocas, talvez em parte a toda dedicação dos donos de se carioquizar, com quadros de bares antigos cariocas, e com algumas alterações no menu, o Astor é um sucesso. Neste final de semana, fui almoçar em um final de tarde lá, para finalmente sair do aspecto bar, onde só comia petiscos e finalmente comer de verdade. Infelizmente, acho que me decepcionei, com a comida.

Para entradas pedimos os deliciosos pasteis, sequinhos bem recheados e saborosos, com um pouco de pimenta, vira o casal perfeito para uma das melhores capiriroskas que já tomei na minha vida. Os bolinhos de arroz, me lembraram do San Martin, meu finado bar favorito, sequinho por fora e crocante, com uma textura quase cremosa interna, acho que além do sushi, a minha forma favorita do arroz. Para finalizar a mini porção de rabada com polenta e agrião. Esta vem uma mini panelinha, com um gratin da polenta que cobra a porção geneorsa da carne desfiada, o sabor da carne é impressionane, poderoso e meloso ao menos tempo. Acho que poderia ter um pouco mais da polenta, para que o contraste de texturas fosse até o final da panela. Esse é um prato para repetir!

Nos principais pedimos um picadinho, que vem com uma porção enorme, o pastel é quase a melhor parte do prato, junto com a gostosa banana a milanesa, cremosa e sequinha. Achei a carne um pouco sem gosto, sem a profundidade que o prato pede, aquela sensação que foi cozido em uma panela por horas. Realmente esperava mais, depois da rabada. O meu prato foi Alheiras, uma lingüiça feita de pão e alho frita, com fritas e ovos fritos, a “lingüiça” estava até interessante, mas as batatas estão sem crocância, acho que acabou por comprometer o contraste dos sabores. Por fim, pedimos um arroz de brócolis, tomates e camarões, um clássico carioca, mais uma vez acho que faltou aquele sabor profundo de cozimento lento, achei q faltou sabor. Para sobremesa apenas um gostos pavê foi pedido e aprovado pela mesa.

O ambiente, os drinks e os petiscos vão me fazer voltar inúmeras vezes. Ainda por isso, vou voltar para comer lá e provar outros pratos. Talvez a culpa tenha sido das minhas expectativas, mas sem dúvidas pela fama e tradição da casa, acho que poderia ser melhor.

Bar Astor
Av Viera Souto, 110
Ipanema
Tel 21-2523-0085

2**
$$$

Wednesday, September 01, 2010

Beth - Comida caseira de verdade, mas a preços paulistas

Começo fazendo um disclaimer que não fiquei, de uma hora para outra, menos crítico, mas apenas que estou revisitando os meus restaurantes favoritos desses tempos sem blog, esses sempre foram a razão que eu escrevi por aqui, são as boas refeições que me inspiram para escrever.

Essa semana eu fui a um almoço despretensioso de terça-feira no Itaim em São Paulo. Quando isso acontece, não me resta dúvidas em relação a qual restaurante ir, Beth Cozinha de Estar. Em uma pequena casa, no bairro nobre do Itaim, este é um restaurante que possivelmente partiu de um sonho de uma cozinheira de mão cheia, de servir uma comida caseira e saudável para os empresários e funcionários do bairro, no entanto, a qualidade e a consistência de sua comida são tão espetaculares que virarão quase que um culto a comida caseira.

Não me parece que há a pretensão de seguir uma tendência de “Confort Food”, como o Mian Mian faz no Rio, mas simplesmente fazer comida bem feira, com ingrediente de primeira. A casinha que já dobrou de tamanho e triplicou de preços, para que a demanda diminuísse e qualidade não caísse, é simples tem uma decoração branca, com painéis de fotos de saladas, serviço ágil e atrás do balcão sempre a Beth ou sua neta, dando saborosas explicações do que estamos prestes a comer.

O menu muda muito, mas é sempre bom. Há lá um dos melhores picadinhos que já comi, mas nunca mais dei sorte de achar no Buffet, que sempre começa com uma vistosa salada verde, ou uma leitura da grega, que vc pode salpicar uma deliciosa granola salgada. Desta fez também tínhamos a opção de um tabule que estava delicioso, sequinho e com os tomates crocantes. Além disso, comi uma deliciosa berinjela assada, com uma fina fatia de tomate e queijo mozarela, coberto com uma leve farofa de pão puxada na manteiga, as texturas cremosas dos legumes e queijos, contrastavam com a farofa, que quase dissolvia na boca.

O filezinho de peixe a milanesa me lembrou o que sempre comi na minha casa na Bahia. Peixe branquinho e fresco, com uma capinha, seca que quase q descola da carne. Havia ainda a opção de um strogonoff de frango, com batatas palhas feitas lá mesmo, crocantes e douradas. Por fim, eu provei o Kafta, quase pequenos hamburgers, ainda úmido por dentro, com um leve molho de Iogurte e hortelã, que acompanhava um arroz de lentinha e cebolas douradas, de fazer inveja a qualquer árabe. Mas na verdade não há como sair de lá sem comer o feijão mulatinho, que tem um caldo espesso e cremoso quase, com gosto de abraço de avó.

Sem dúvidas vc acaba comendo mais que vc gostaria, dado que tudo tem uma aparência deliciosa e de fato tudo é, portanto chegar a sobremesa é uma tarefa que quase nunca atinjo. Se vc tiver coragem pode pedir um dos deliciosos picolés Dilleto, ou um brigadeiro de colher – há coisa mais casa de vó do que brigadeiro de sobremesa? Eu normalmente acabou pedindo um café e me satisfazendo com um pequeno cubo de bolo de cenoura, que o acompanha.

As filas lá são um testemunho da qualidade da comida da Beth, seus clientes são fiéis a comida saudável. O preço de R$ 50 reais pelo almoço, parece abusivo, mas pela qualidade da comida, ouso a dizer que não é, com o antigo preço de R$ 32 as filas eram intermináveis e qualidade acabava sendo comprometida, esse foi o equilíbrio de mercado. A razão do sucesso em uma cidade como SP, só pode ser a busca por algo que nos lembre de onde nós somos, em um mar de restaurantes franceses, italianos e japoneses, a única coisa que não havia no Itaim era um caseiro, de qualidade.

Beth Cozinha de Estar
Rua Pedroso Alvarenga, 1061
Tel 11 - 3073-0354