Friday, August 29, 2008

Zuka - Quando a comida vence o serviço ruim.

Se vc me perguntar qual é a minha sobremesa favorita, sem pestanejar eu vou dizer Ovos Moles com sorvete de canela do Zuka. Mas o este restaurante é muito mais que esta sobremesa, é simplesmente um dos melhores cardápios do Rio, tanto de criatividade quanto de execução. Originalmente a cozinha foi comandada pelo, então desconhecido, Felipe Bronze que iniciou a tradição da casa de grelhar e com uma cozinha aberta super bonita – ele também foi o criador da minha sobremesa favorita. Depois dele a Ludmila Soeiro assumiu a cozinha e manteve os traços da brasa e forte criatividade.

A decoração é bem básica e o salão é dominado pela parede de bronze acima da grelha da cozinha aberta, além disso, são tons de cinza e ângulos retos. Fica na badalada Dias Ferreira, no Leblon, onde todo mundo que é cool, ou tenta ser, passa nos finais de semana. Vc pode também optar por sentar no balcão de frente para a cozinha se preferir, que para dois é uma boa opção.

Eu já fui ao Zuka inúmeras vezes e conheço o cardápio quase todo, de entrada acho que o highligth é o Zuka na Brasa que é uma combinação de diferentes espetinhos, com molhos, assados na brasa. O meu favorito é o de camarão na crosta de pão de alho. Este também pode ser pedido como prato e acompanha um risoto de limão siciliano, que é cremoso e leve balanceando a acidez do alho da crosta. Nesta noite eu pedi as lascas de filé com couscous marroquino, que estava saboroso, e bem executado. O meu prato preferido foi pedido na mesa o filé mignon com ervas e risoto de Chevre, que é um prato de sabores simples, e tradicionais mas que juntos trazem potência e melosidade.

A sobremesa que eu tanto gosto é simples, mas as diferentes texturas e temperaturas do sorvete e dos ovos moles completam de forma criativa a já testada e aprovada combinação da canela com o doce. Mas como nem tudo é perfeito, o serviço do Zuka é lamentável para o restaurante que cobra aquele valor. Os garçons de lá tem o super poder de não olhar para vc quando vc está chamando, obviamente porque está acompanhando a mesa para antecipar as suas necessidades já seria demais para pedir. Mas tenho que admitir que a comida teima em me convencer a voltar.

Zuka
Rua Dias Ferreira ,233
Leblon – Rio de Janeiro
Tel 21-2249-7550

3***
$$$$

Tuesday, August 26, 2008

Asia - Um toque especial em Santa Teresa

Tem poucas pessoas que respeito cegamente uma diga gastronômica, mas tem um amigo meu que é sempre spot on, dificilmente tendo a discordar das suas observações, as vezes apenas da intensidade delas. Quando ele me falou que tinha achando um restaurante maravilhoso em Santa Teresa de comida asiática, não pude resistir, sabia que seria uma boa pedida. Primeiro lugar amo comida asiática e em segundo acho o bairro tão agradável e sempre me falta uma desculpa para ir passear por lá, dado que considero praticamente um programa turístico.

O restaurante fica na rua principal lá de Santa Teresa, então qualquer pessoa pode chegar com facilidade. A casa que abriga é muito charmosa e está completamente reformada, com uma decoração simples e com toques muito legais asiáticos, nada de fórmica preta e vermelha. São 4 andares com ambientes bem divididos conectados por escadas e varandas muito charmosas (em dias de chuva isso pode ser um problema. Nós ficamos na sala no andar de baixo, que dá acesso a uma agradável varanda e uma vista verde, bem Santa Teresa.

Começamos com a seleção do chef de Dim Sums que parecem ser a especialidade da casa, tem mais de 10 opçoes, desses deliciosos pastéis asiáticos, fritos ou cozidos no vapor. Eram tantas opções que confiamos no chef para a escolha e não estávamos errados, gostamos de todas as opções que vieram a mesa. Meu preferido era um tipo de harumaki de pato e um rolinho frito, parecendo um ouriço, com recheio de creme de inhame e legumes; a parte de fora era crocante, quando mordi há uma leve explosão desse creme suave que contrasta com os legumes ainda não tão cozidos, de fato muito interessante.

Para os pratos seguimos a etiqueta oriental e pedimos pratos para ser divididos family style, ou seja pratos ao centro da mesa e pequenas cumbucas e pratinhos que íamos nos servido de arroz de jasmin, e os pratos. Pedimos um curry levemente apimentado de legumes, que quando misturados ao arroz balanceavam bem, apesar de são ser super fan de curry, gostei muito pois o sabor era leve. Pedimos uma carne com gengible, alho e cebola, que estava sensacional, com o toque marcante do gengibre, mas com um molho levemente adocicado com as notas de alho e cebola que haviam sido cozidas por um bom tempo. Por fim um macarrão de arroz com lulas e camarões que estava leve e saboroso, como deve ser um desses pratos.

Não experimentei os chás que parecem ser um espetáculo a parte na casa, dada a seleção do menu. Eu estou com vontade de voltar para ficar apenas nos Dim Sums que parecem ser uma grande pedida, e é uma tradição oriental aos domingos. O serviço estava atencioso, mas poderia ser um pouco melhor, tivemos que chamar a atenção dos garçons umas duas vezes para tirar os pratos ou pedir mais bebidas, mas nada que comprometesse a agradável tarde de domigo.

Asia
R. Alm. Alexandrino, 256
Santa Teresa, Rio de Janeiro
Tel: +55-21-2224-2014

3***
$$$

Monday, August 25, 2008

La Giostra - Comida como deve ser.

Existe na Itália um movimento que tenta combater a pressa do mundo moderno quando estamos comendo, no Brasil, até já temos alguns representantes, que é chamado Slow Food. Neste tipo de restaurante não devemos ter pressa para comer e comida é preparada toda na hora de forma quase que artesanal. Nesta minha estada na Itália, entre muitos paninos e muitas pizzas eu fui jantar no La Giostra, que fica em uma pequena rua em Firenze.

O restaurante fica em um antigo armazém do século 15, e tem um ambiente aconchegante com suas paredes rústicas e suas vigas expostas. As mesas são relativamente apertadas, mas isso só faz vc se sentir mais em casa ainda. Ao chegarmos fomos recebidos pelo nosso garçom que falava inglês perfeitamente – caso raro na Itália – que prontamente nos ofereceu uma taça de Proseco, como boas vindas da casa.

Fizemos nosso pedido quase que sofrendo de tanta dúvida do que deveríamos pedir, dado um menu tão diverso e com pratos tão apetitosos. De entrada pedimos uma Burrata e um Presunto San Daniele com melões, mas antes disso fomos surpreendidos mais uma vez por um prato de apereitivos incrível, para que pudéssemos entender a palheta de sabores do chef. Tinha bruschetas de tomate, e de fígado de coelho – ponto especial para essa, que pode parecer horrível, mas era intensa, cremosa e leve ao mesmo tempo – tomates confitados, alici, pimentões grelhados.

As entradas de fato estavam perfeitas, uma das características desse movimento é privilegiar ingredientes orgânicos, de alta qualidade. A burrata estava perfeita, cremosa por dentro sem ser enjoativa. O presunto estava salgado na medida certa para balancear com a doçura do melão, que tinha um gosto leve, o contraste de temperaturas e sabores é absolutamente campeão para mim.

Para o nosso prato principal convenci minhas duas parceiras a pedirmos uma Bisteca Fiorentina para três. Este tipo de prato é pedido por peso, que inclui o osso; ficamos com 1,5 kg de uma belíssimo T-Bone Steak cozinhado com perfeição, a carne vem rosada por dentro e é macia, com o leve gosto da grelha de ferro e o toque ocre do carvão. Para acompanhar um leve feijão branco com cebolas, pois a estrela era a carne e nada deveria competir. Tenho que admitir que depois da minha experiência da Argentina e agora essa, estou chegando a conclusão que no Brasil comemos carne muito mal.

De sobremesa comemos um Tiramisu, que estava leve e aerado com um gosto de espresso forte e marcante como deve ser. A experiência ainda me faz delirar e posso sentir o gosto da carne e da bruscheta de fígado de coelho. A conta para tamanho festival de comida foi absolutamente aceitável.

Esta é a frase que li no restaurante e que está tb no site deles: "Because food is necessary and choosing it is a privilege, but cooking it is an art." Para vcs entenderem o espiríto do lugar.

La Giostra
Via Borgo Pinti, 12r
Firenze – Italia
Tel + 39 055241341

4****

Nostromos - O problema não é o restaurante é a culinária local.

A Croácia é um país encantador mais sem dúvidas não pode ser conhecido pela sua culinária espetacular, não sei se foram os anos de regime comunista ou a proximidade a um vizinho que tem provavelmente uma das mais complexas e completas cozinhas do mundo – óbvio que estou falando da Itália. Mas aprendi que comer é muito mais que apenas o melhor sabor de sua vida, é a companhia, o serviço e o ambiente. Em minha primeira noite em Split, uma simpática cidade na costa Dalmatiana, fomos jantar no Nostromos, um restaurante de frutos de mar.

Ao chegarmos fomos recebidos quase que rispidamente, apesar de o fato de sermos aceitos para sentar, as 10 pm de um domingo já é um bom sinal em quase qualquer cidade. O serviço foi sofrível tanto pela velocidade quanto pela atenção aos detalhes. Já no quesito simpatia eles ganharam muitos pontos, talvez essa seja uma coisa mais geral que neste restaurante, mas o senso de humor croata é uma mistura entre a auto crítica inglesa e o espirituosismo dos gênios do humor (sei que isso soa exagerado, mas a nossa experiência me permite o abuso). Com suas tiradas fantásticas o nosso garçom conseguiu ganhar a minha simpatia, apesar da sua apatia para nos servir, vcs podem imaginar isso?

Nós começamos pelos mexilhões locais que são proibidos, devido a sua caça que envolve explosões de corais, e levam as vezes 150 anos para chegarem ao tamanho ideal. Nós não sabíamos disso, mas nosso simpático garçom nos informou que aquilo que víamos passar eram “camarões”, no menu devido a seu status de ilegal. Eles estavam deliciosos, com um molho de cebola, alho, vinho branco e azeite (um capítulo a parte daqui), que traz a leveza do vinho branco com a acidez do alho e com a suavidade do azeite, provavelmente um dos mais leves e saborosos molhos que eu já comi, perfeito para um verão.

Meu prato principal foi peixe grelhado – que aqui vem a mesa e vc escolhe o seu peixe – com espinafre e batatas refogados no azeite. O peixe estava fresco e grelhados estava leve, mas nada marcante. O espinafre que preparado dessa maneira é um prato típico daqui estava suave e saboroso, tenho a impressão que isso da ainda mais pontos para o azeite de oliva daqui.

All in all a experiência foi boa, mas nada marcante que faça valer a pena uma viagem a Split, mas se vc estiver por aqui, talvez seja uma boa opção. Não sei se tenho que culpar o restaurante ou simplesmente a culinária.

Nostromos
Kraj Sv. Marije 10,
Split – Croácia
Tel: 091/405-6666

2**

Vila Kaliopa - Ambiente e bom humor.

Imagine sentar em um jardim para um almoço onde vc tem que mover sua mesa para furgir do sol por pelo menos 4 vezes (quando eu digo você, estou indicando que fomos nós literalmente que carregamos a mesa todas as vezes), estou descrevendo a pior experiência dos últimos tempos?! Pense de novo, não sei se é o mar azul turquesa, mas fiquei zen na Croacia

Fomos almoçar em Villa Kaliopa, na ilha de Vis, que fica ao oeste de Split, o restaurante fica no jardim de uma casa antiga, de frente para o mar, as mesas ficam entre árvores super exóticas, que não suficiente para nos proteger no sol, mas dão um charme todos especial ao local. Os vizinhos são construções de 1500, desde quando a ilha era dominada pelo Venezianos, com uma arquitetura singular.

Ao chegar fomos recebidos pelo dono, que nos contou o menu, uma vez que ele muda diariamente baseado com o que os pescadores locais entregaram. Optamos por um vinho da própria ilha, gelado e um prato de peixes marinados no azeite e alcaparras como entrada. Os peixes estavam todos gostosos, mas a sardinha se destacou como o mais saboroso, com uma textura esponjosa e um sabor leve que contrastava de forma perfeita com as alcaparras Além disso, claro que tínhamos uma belíssima cesta de pães e um azeite maravilhoso.

Após quatro mudanças de local da mesa, com muito bom humor, nosso prato principal chegou. Eu mais uma vez fiquei com o peixe grelhado, mas dessa vez pedi uma lula também. O acompanhamento foi o mesmo espinafre com batatas refogados no azeite. A lula estava muito boa, macia mas ao mesmo tempo firme, o gostinho de grelha podia ser sentido no after taste e combinava bem com o frescor das partes não tostadas da lula. O peixe estava super saboroso e leve. Acho que o principal diferencial da comida croata é o frescor de seus ingredientes no verão, não posso imaginar o que seria disso aqui no inverno.

Acredito que este não é uma restaurante que me faria delirar em nenhuma capital gastronômica do mundo, no entanto, em um pequena ilha na costa croata, ele me traz boas lembranças.

Vila Kaliopa
Vis – Croácia
Chegando na Ilha pergunte onde é, tenho certeza que vc vai achar.

2**

CPR - No Crítico Wannabe

Caros 3 leitores,

Eu resolvi que o meu espaçozinho tb tem seu valor. Resolvi então postar aqui e no Comensais simultaneamente, sendo que aqui devo aparecer com mais freqüência. Então para vc que gostam daqui, não precisam ir mais lá, a não ser que para se divertir com os textos dos outros autores.

Bem vindos de volta

A