Thursday, February 19, 2009

Enviado Especial a Portugal - O Lagar

Caros 3 Leitores,

Esse blog está ficando muito chique! Dado que eu já vivo no limite das minhas viagens, eu estou incorporando uma crítica de meu amigo FF, assíduo comentador do blog e companheiro de diversas aventuras gastronômicas. Esta será uma série de dicas (que são sempre imperdíveis, I migth add) de lugares para descobrir um pouco da culinária portuguesa. 

Muito Obrigado FF pela ajuda! 

T

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Come-se muito bem em Portugal. A máxima é verificada quando entramos num despretensioso restaurante perto de Bombarral. A decoração simples, com diplomas gastronômicos regionais e recortes de jornal pendurados na parede acima dos azulejos faz com que não se distraia do que deve ser a principal estrela de um restaurante.

O local estava vazio por ser um almoço de dia de semana numa zona rural, o que ajudou para a atenção que recebemos. De qualquer maneira a simpatia do atendimento familiar conta muitos pontos a favor

Vamos ao que interessa:

De entrada fomos de pequenas porções do que são consideradas as especialidades da casa. Um queijo curado de massa cremosa local primo do da serra da estrela com a diferença que neste além de leite de ovelhas também é usado de cabras; paio de pata negra; manto branco de pata negra (que nada mais é do que a parte mais rica do defumado); sardinhas com molho a escabeche. Todos deliciosos sendo que o destaque ficou para as sardinhas, que fizeram com que minha companhia não muito chegada a “peixes pequenos” pensasse em repetir.

Escolhemos um vinho branco da Quinta das Cerejeiras que fica ali logo ao lado para acompanhar. Bastante bom. Vale destacar que a carta de vinhos era realmente completa e a escolha de um vinho regional foi simplesmente para compor o almoço. Havia outras excelentes opções.

Antes dos pratos principais ainda fomos oferecidos mexilhões que haviam acabado de chegar de Peniche. Eles eram de um tamanho de fazer corar os moules que estamos acostumados aqui no Brasil. Foram preparados de maneira simples, porém irrepreensível. Refogados com cebola num molho com toque de vinho não ofuscando o ingrediente principal.

De primeiro prato pedimos chocos fritos com açorda de tomates. Chocos até então me eram desconhecidos. São moluscos primos da lula, mas com uma textura um pouco mais densa. Foram muito bem com a açorda apimentada. Até eu que não sou o maior fã de coentro (ou coentros como falam nossos amigos) comi com gosto.

De carne ficamos em dúvida entre a aba de vitela grelhada e os filés de porco preto. Fomos aconselhados a ficar com meia porção de cada. Ambas muito saborosas, mas por melhor que seja a vitela fica difícil de competir com o porco. Ele foi o responsável por apagar de minha cabeça o bacalhau como ícone da culinária portuguesa. Vá a Portugal e coma um porco preto! Fica como uma sugestão de campanha. As carnes vieram com batatas fritas. Sequinhas e crocantes.

Ainda arranjamos espaço para a sobremesa e escolhemos a “delícia do Lagar”, um doce de maçã com suspiros. Curiosamente a sobremesa que leva o nome do local não mereceu maior destaque.

O Lagar
Rua Senhor Jesus do Carvalhal 8
Carvalhal - Portugal


Wednesday, February 18, 2009

Lorenzo - Charme carioca com potencial

O Rio de Janeiro continua lindo, e cada vez mais surgem restaurantes que tentam aproveitar ao máximo essa beleza e esse clima privilegiado. No lugar do falecido Lulu, na entrada na Lopes Quinta, no jardim botânico, fica o Lorenzo, uma mistura de bistrô com uma cantina moderna italiana. A decoração é totalmente relacionada com o primeiro, mesinhas pequenas, uma varanda deliciosa e um terraço no terceiro andar imperdível, de lá pode-se apreciar o Cristo Redentor, de um lugar quase que bucólico.

O menu de lá é bem variado com massas caseiras e alguns pratos típicos de brasseries francesas, já estive lá duas vezes e comi bem em ambas. O couvert é simpático com rabanetes mornos, azeite, grisinis – que poderiam ser mais crocantes – e uma focaccia que poderia ser melhor. De entrada dessa última vez comemos um steak tartare de magret de canard, que estava muito saboroso. Nunca tinha comido esse prato e achei simples e poderoso, como pato deve ser.

Para principal já comi uma pescada amarela com salada verde, em um dia mais ligth, super honesto e da última vez pedi um mulles frites, que estava bom. O molho estava faltando um pouco daquela força do alho, que te faz ter vontade de molhar um pão no caldo, que era talvez excessivamente amanteigado. Além disso, as fritas era apenas, ok, meio moles. Dito isso, os mexilhões eram enormes e fartos, e mesmo sem um molho espetacular o prato estava honesto. Faltou a gentileza do serviço de trazer uma lavanda para lavarmos as mãos depois de comer, além disso, um outro bowl para colocarmos as cascas.

Nunca cheguei as sobremesas, mas o menu me parece bom. O serviço é bom, talvez um pouquinho lento, mas tenho sido tão mal atendido no Rio ultimamente que já considerei esse bom. O ambiente é de fato muito agradável e os preços super aceitáveis, acho que vou voltar lá para ver se acho um prato excepcional.

Lorenzo
Rua Visconde de Carandaí ,2 
Jardim Botânico – Rio de Janeiro
Tel – 21 - 2294-7830

2**
$$$

Tuesday, February 17, 2009

Arturito - Comida marcante em ambiente estranho.

Tem alguns restaurantes que causam polemicas sendo o Arturito um dos que mais causou na blogosfera recente. Em um posto do ótimo Que bicho me mordeu, ele foi considerado confuso entre querer ser fashion week e comida sólida, não por menos a chef os convidou para uma visita a cozinha. Vale a pena ler a polemica por lá. Depois de tanta confusão eu decidi que eu tinha que ir conferir. O restaurante é da chef Argentina Paola, que já passou pelo Dona Júlia (que fui semana passada e adorei) e do Figueira Rubayat.

O restaurante é meio escondido em uma pequena casa, com decoração bem moderna! A iluminação é bem baixa e em seu corredor comprido o resturante parece de fato, uma passarela de desfile. O bar imponente completa a decoração moderna, além disso, um pedaço do restaurante tem um teto retrátil que deve ser agradável em noites estreladas. A decoração de alguma forma é toda muito escura. Logo na entrada pães com jeito de caseiros, uma cremosa manteiga salgadinha e um pratinho de azeite com alecrim e parmegiano ralado. Os pães não eram nada de especial, mas cumpriam bem seu papel.

Depois de sofrer um pouco para achar um vinho com preço justo na carta que me pareceu levemente over priced, partimos para a escolha dos principais. Eu fiquei com o ojo de bifé curado e purê de batatas Robuchon,  a carne era bem diferente do que estamos acostumados, mas não menos saborosa. Com uma crosta bem sequinha, e levemente adocicada devido ao processo de curagem, o miolo é um belíssimo ojo de bife, no ponto certo, rosado e macio. Esse contraste de texturas é realmente muito bom, me lebrou um pouco uma carne do sol muito bem feita. O purê de batatas que vinha em uma panelinha separada era muito macio, mas de consitência firme, mais uma vez aqui com um sabor mais leve, mais creme de leite ou manteiga e menos batata, estava sensacional. Na mesa ainda pedimos um Spagetini de frutos do mar que foi elogiado,além de um fagoto (grão de trigo) cozido como risoto com aboroas grelhadas que estava uma delícia.

Para a sobremesa profiteroles que estavam muito bons, aerados, leves e simples. O serviço era muito atencioso e sugestivo, dando atenção na dose certa durante toda a noite. Imagino que em noites mais movimentadas a experiência possa ser diferente, pois nesta noite estava bem vazio. No final das contas, a conta foi um pouco mais cara que eu imaginava, mas sempre tenho que me lembrar que estamos em São Paulo.

Arturito
R. Arthur de Azevdo, 542
Pinheiros – São Paulo
Tel – 11 – 3063 – 4951

3***
$$$$

Friday, February 13, 2009

Lavoura Café - café da manhã com gostinho de fazenda

Eu tenho que admitir eu amo tomar café da manhã, talvez porque eu seja o que os americanos chamam de “morning person”, acordo feliz e acelerado querendo fazer alguma coisa. Portanto, ir tomar café da manhã é um de meus programas favoritos. Adoro os sabores caseiros da Casa da Tatá na Gávea, não paro de sonhar com o banquete incrível que é a Escola do Pão. Essa semana, descobri mais um para a minha lista, desses com sabores caseiros, o Lavoura Café, que a Constance Escobar já tinha falado e eu ainda não tinha ido conferir.

O lugar é uma pequena casa de esquina (porque todo lugar charmoso é sempre de esquina?), verde, que combina bem com a linda vista dos fundos do Jardim Botanico. As mesas se espalham pelas calçadas, como que de um bistrô. Pedimos um café da manhã individual que é uma série de pratos, a sensação é de estar na sua fazenda no interior (no meu caso, na Bahia). Começamos com um delicioso suco de laranja, fresco, seguido do prato de frutas, um mamão também gostoso. Depois em canequinhas de metal esmaltado nos chega um iogurte cremoso, levemente azedo, com gosto de caseiro, além disso, uma granola super crocante e um potinno de mel, de fato um pedacinho de céu na terra.

Depois disso chega a mesa um bolo, no nosso dia, um de “branco” com pedacinho de goiabada, completamente caseiro, tenho que admitir que como moro sozinho e longe da casa de minha mãe, coisas caseiras tem um valor todo especial para mim. Depois uma cestinha com quatro variedades de pães, um de queijo que estava muito bom, com um gosto azedinho do povilho e outras variedades, para acompanhar queijo minas, manteiga bem salgadinha e peito de peru – nessa minha nova fase ligth, faltou um pãozinho integral, mas perdoável, em casa de avó tudo engorda mesmo.

Para finalizar ainda temos a opção de um café ou um cappuccino, mas tenho que confessar que com o calor de 40 graus que fazia no Rio de Janeiro, não tive coragem de experimentar. O serviço é relativamente lento, mas quem tem pressa com uma revista na mão em um sábado de manhã!?

Lavoura Café
Rua Pacheco Leão, 812
Horto – Rio de Janeiro
Tel -21- 2512-7308

2**
$

Thursday, February 12, 2009

Kaá - Sabor, ambiente... mas o serviço!

Tem poucas cidades do mundo que comportam investimentos milionários em restaurantes, com certeza São Paulo está entre uma delas. Ao entrar no Kaá logo pensei: “Isso no Rio durava 6 meses, em Salvador nem abria”. O restaurante fica em uma discreta casa, com uma porta mais discreta ainda na movimentada Juscelino Kubicheck, de fora pensei mas que confusão que deve ser isso aí dentro, mas ao entrar me deparei com um oásis em São Paulo. Um enorme galpão de pé direito elevadíssimo, com um espelho d´agua enorme na entrada. Mas a estrela da decoração é a parede lateral direita que é inteiramente coberta por plantas, não eras ou coisas assim, plantas mesmo. O efeito é incrível uma sensação de aconchego e frescor que não posso imaginar uma decoração não verde possa dar, também não parei de pensar como eles molham aquelas plantas?

No meio do salão havia um bar e ao fundo a cozinha com janelões de vidro para vermos a movimentação. Depois de tanta descrição da decoração a pergunta natural é se a comida estava a altura e posso dizer que sim. Fomos sentados em uma mesa do lado oposto da parede verde e perto da cozinha, o atendimento me parecia um pouco apressado, imagino que a pressão para sentar todas as pessoas da fila era grande. No entanto, na hora da sobresas houve demora de mais de 30m minutos para um petit gateau, com certeza o serviço está muito aquém do ambiente.

Um dos sócios é o Paulo Barros, o famoso chef do Due Cuocchi (eu preciso voltar lá urgente para escrever aqui), mas o chef é um espanhol que fica sempre na cozinha.  Pedimos um prato de antepasto para acompanhar a cestinha de pães que estava uma delícia. Clássicos italianos, bem executados, pimentões marinados, mussarela de búfala com pesto leve, proscciuto bem cortado.

Meu prato foi uma costeleta de cordeiro com um spaguetini com manteiga e sálvia – absolutamente adoro essa cominação de manteiga e sálvia – a carne estava praticamente perfeita, tostadinha por fora e levemente rosada por dentro, sem aquele ranço que cordeiro tem em alguns lugares. A carne era simplesmente grelhada e macia, com um sabor aveludado, fazia um ótimo contraste com o gosto pontiagudo da sálvia, a massa estava no ponto certo al dente.

A sobremesa não chegou como já falei e os preços eram bem a lá São Paulo. Sem dúvidas o serviço poderia ser muito melhor, mas aquela costela de cordeiro entra na minha lista de favoritos desse prato e isso não se pode negar.

Kaá
Avenida
 Juscelino Kubitscheck, 279 
Itaim  São Paulo
Tel
 - 11 3045-0043

2**
$$$$

Thursday, February 05, 2009

Le Pré Catalan - Um francês como deve ser

Era meu aniversário e depois desse blog eu decidi que merecia uma comemoração digna de uma comensal. Tinha um bom tempo que eu não ia ao Le Pré Catalan, restaurante do chef Roland Vilard, que havia sido todo reformado. A reforma ficou sensacional, os móveis de madeira escura, quase preta, e estofado clarinho, sem tolhas de mesa só com uma passadeira branca. As mesas e cadeiras arredondadas combinam com o formato da sala que tem o mesmo formato, beirando a janela com a linda vista da praia de Copacabana. Olhando para dentro todo o restaurante é coberto por leves cortinas brancas, que nos dá uma impressão de surpresa por trás, e de fato somos surpreendidos pela cozinha do Chef.

Cheguei sozinho e decidi que eu merecia um belíssimo jantar e pedi uma taça de champagne para começar minha noite. Na mesa uma cestinha com grissinis amanteigados que se desfaziam na boca e torradas com azeite de oliva ultra finas que estalavam na boca. Resolvemos que fazer as escolhas no menu seria muito doloroso porque não pedir e Menu Confiance e deixar o chef nos impressionar com 10 pratos?

Antes de começar nos foi oferecida uma seleção de pães todos quentinhos e maravilhosos, meu preferido, nozes com passas. O primeiro prato foi um mini gaspacho, com um cherne envolto em um cream fraiche, estava gostoso, com bons contrastes e salgadinha; havia um outro pratinho que era um cogumelo com farofa de anchovas, incrível, levemente amanteigada e crocante faziam um belo par com o cogumelo cozido no ponto certo.

A salada de lagostim com uma levíssima maionese de ervas e massa philos crocante e sequinha, sob pequenos cubinhos de aipo, pimentões e tomates estava espetacular. O lagostim estava no ponto certo, e contrastava bem com a massa crocante enquanto os pequenos cubos davam o frescor enquanto quase que estalavam na sua boca. Seguindo esse prato nos foi servido uma costela de tambaqui, peixe de rio do norte, com molho de tomilho fresco e um purê de barôa defumada, o peixe estava macio e levinho, com um molho que dava toque de ervas para aquela carne firme. O purê, ou seria um mousse, talvez um souflê, era tão macia, quase com textura de algodão doce, e um gostinho defumado distante.

Em um restaurante tão francês, o Foie Gras não podia deixar de ser a grande estrela da noite. A trilogia de foie gras, trazia ele fresco – não tem como errar – com uma geléia de figos e brioches, eu gosto mais com geléias mais doces, mas estava sensacional. Um ravióli de foie gras com alho poro, massa perfeita, profundo pela gordura do foie como pelo tempo de cozimento daquele caldo do alho poro. E por fim ele selado sobre uma tortinha de maça, que estava espetacular, o foie gras é macio, quase viscoso, que contrasta com a maça levemente cozida, sua gordura com a refrescância da maça. Neste ponto já estávamos tomando um belíssimo e honestíssimo St. Emilion 2003.

Para limpar o paladar e uma granita de frutas vermelhas e champagne, simplesmente o que vc precisa para tirar da sua boca o sabor persistente do Foie Gras. Entramos nas carnes empolgados, primeiro veio uma vitela, com molho do próprio cozimento e legumes, a carne poderia estar um pouco menos passada, mas seu molho era balanceado e os legumes estavam ainda levemente crocantes e faziam uma combinação muito boa. Depois chegou uma palheta de cordeiro, no ponto certo com batatas em cubos, ainda meio durinhas com um levíssimo molho branco, o prato era simplesmente uma boa execução, mas nada de surpreendente.

Até esse momento o serviço me parecia uma sinfonia perfeita! Tudo estava sincronizado, mas parece que fomos esquecidos e o prato mais simples que seguia, uma  combinação de queijos demorou mais de 20 minutos, inadimissível em um jantar como esse. Mas eu perdôo até isso. O prato de queijos era formado por pequenos pedaços de queijos de verdade - nada dos tipo brie - o chevre estava especialmente bom, com mais pães fresquinhos. O nosso Sauternes combinava perfeitamente com os queijos e preparava nosso paladar para os doces.

Para sobremesa começamos com umas provinhas do carrinho do chef de patisserrie, que sinceramente deveria abrir uma loja em separado para vender as delicias deles. Provei os ovos nevados, que estavam aerados e leves como devem ser. Um suspiro/macarron com um leve creme de nozes dentro era inacreditável, a cada mordida ele se desfazia na boca deixando o sabor forte das nozes sem excesso nenhum de açúcar.  Segundos os chocóltras na mesa a mouse de chocolate também estava um sonho.

A sobremesa de verdade era um profiteroles, com uma calda de chocolate que eu não provei. Para mim uma seleção de sorbets, todos refrescantes e naturais: cupuaçu, graviola, tamarindo, manga e mangaba. Acompanhado de Madeleines muito boas. No café ainda fomos agraciados com uma mini torta de limão com massa se esfarelando e um creme perfeitamente acido. Na hora de ir embora, umas caixinhas com dois macarrons. Eu que era aniversariante e ainda ganhei em uma linda caixa uma torta do chef de pâtisserie, adoro esses mimos.

A refeição não é nada barata, mas para ocasiões especiais acho que vale a pena. Este é um programa para os apreciadores de uma boa culinária francesa, com alguma influência de ingredientes nacionais e execução quase sem falhas. Dito isto, não há nada de muito surpreendente, apesar de muito bom.

Le Pré Catalan
Hotel Sofitel – Avenida Atlântica ,4240
Copacabana – Rio de Janeiro
Tel – 21 - 2525-1160

3***
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Tordesilhas - Pedacinhos do Brasil em São Paulo

Existem lugares que te transportam, fazem vc sentir que vc não está mais onde vc estava a 10 minutos atrás. Encontrei em São Paulo um lugar assim, o restaurante Tordesilhas te tira do meio da confusão da Avenida Paulista, e te faz sentir como se vc estivesse no Nordeste, ou quem sabe no norte! Fica em uma casinha com cara de cidade pequena – que estranhamente São Paulo tem várias – com uma decoração simples, com motivos regionais.

A comida é completamente focada nos produtos brasileiros, 100%. Tem pratos típicos sem tirar nem por, assim como os pratos que a chef, usa os ingredientes, mas faz alguma releitura. Para começar pedimos queijo coalho com melaço, estava completamente crocante e queimadinho por fora e macio por dentro, com gosto de praia. Também pedimos uma lula sob purê de banana da terra, que estava com uma textura macia envolto em um leve molho de tomates fresco e deitado sob um creme leve de banana, era cremoso e macio, mas sem o excesso de gosto de banana. Quase como uma pintura renascentista de uma mulher sob uma cama forrada de colchas de veludo.

Para principal resolvi testar uma das receitas tradicionais, pedi o pato no tucupí (olha ele aqui de novo!) com farofa de água. O pato estava cozido no ponto certo, com a carne se desfazendo e soltando do osso. O molho era mais forte que lembrava, com doses ácidas e agudas, talvez levemente amargas que balanceavam com o pato. A farofa estava um pouco dura de mais, mesmo molhando com o molho.

O resto da mesa pediu muito bem, destaque para o badejo grelhado com molho de moqueca, caruru e arroz. O badejo simples e bem feito, com o caldo da moqueca estava perfeito, um perfume sem ser dominante, me senti na Bahia. O guizado de carne seca em cubinhos com pirão de aipim estava também muito bom, pirão cremoso, leve e o guizado muito saboroso. Os pratos era enormes e poderíamos até ter dividido.  O serviço foi levemente ruim, tínhamos que chamar atenção do garçom várias vezes.  Ao sair de lá fiquei com a sensação que tinha que voltar para experimentar de novo outros pratos, existe indicação melhor?!

Tordesilhas
R. Bela Cintra, 465
São Paulo – SP
Tel -11- 3107-7444

3***
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