Monday, September 21, 2009

Ping Pong - gostinho de China cool chega em São Paulo

Quando estava de malas prontas para a China só pensava em o que iria comer, havia ouvido de várias pessoas que a comida era horrível e que não gostaria. No entanto, me lembrava com boas recordações de várias refeições em restaurantes chineses espalhados pelo mundo. Em Londres eu aprendi a delícia que pode ser uma refeição inteira de Dim Sums, que se aproxima de um guioza esteticamente, mas é completamente diferente na prática. Existe uma série de tipos, inclusive o rolinho primavera é um desses.

Em Londres eu fui iniciado ao hábito e acabei conhecendo a rede de restaurantes especializados nessa delícias, a Ping Pong. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que logo ali no Itaim, em frente a Cebicheria La Mar (assunto para outro post), havia aberto uma filial da mesma cadeia. O local me remeteu a Londres, com uma decoração super bonita e igualzinha a das filiais britânicas, mesas redondas comunitárias com bancos baixos, ou mesas de bar com badeiras mais altas, tudo preto, com uma parede de plantas – a versão pobrinha do Káa – no final do salão.

O cardápio está com os nomes ainda em inglês, mas com as explicações em português, divido em categorias entre os fritos, feitos no vapor, puffs (pão chinês recheado feito no vapor) e outras especialidades, bem didático para o público não acostumado. Cada pedido ver com 3 dim dums, então em uma mesa grande o ideal é pedir uma série de coisas para que se possa experimentar todos os sabores.

Pedimos algumas coisas, um delicioso rolinho harumaki de pato, com molho agridoce, que estava super crocante, com pouca gordura e com o gosto do pato marcante. Um ultra crocante de camarão, com macarrão frito por fora, dando uma aparência de ouriço. Pedimos um puff de vegetais, que achei um pouco massudo de mais, em comparação com os que já tinha experimentado, mas os vegetais que estava dentro eram deliciosos, talvez um pouco mais de recheio para balancear resolvesse parte do problema. Os dim sums no vapor que são os mais difíceis de executar foram os que mais deixaram a desejar. Normalmente é uma massa super delicada com uma explosão de sucos na primeira mordida, e por isso são pequenos e delicados. Os de lá eram tinham a massa um pouco grossa de mais, e sem os sucos que tornam a experiência tão mágica, o sabor estava bom, com um tempero leve.

Para sobremesa pedimos uma mousse de pistache, que estava bastante honesta. O serviço foi esforçado e simpático que é tudo que se pode pedir de um soft opening. Eu voltarei por vários motivos, mas principalmente a saudade de uma refeição só de Dim Sums.

Ping Pong
Rua Lopes Neto, 15, São Paulo
Tel. (11) 3078-5808

3***
$$$

Friday, September 18, 2009

L´Entrecôte - Paraíso dos indecisos, mas quase só deles!

Em São Paulo há um mês a traz houve um burburinho em torno da abertura do L´ Entrecôte, novo restaurante do Olivier Anquier, um ex chef televisivo, o barulho era menos pela sua fama, que pelo estilo do restaurante. Se você for uma pessoa indecisa este é o restaurante certo, só há uma opção, um entrecôte (contra filé?) com o molho da Tia dele e batatas fritas, apenas isso.

Para entrada uma salada verde com um delicioso molho vinagrete típico francês com um toque distante de mostarda, com amêndoas picadas por cima. Sem dúvidas de uma simplicidade ímpar, mas muito bem executado, o molho estava uma delícia e dava vontade de passar o pão para aproveitar o restinho.

O prato principal veio no ponto que eu havia pedido e a minha carne estava macia, já ouvi relatos menos elogiosos sobre a carne, o molho era realmente saboroso. Mais uma vez a mostarda aparecia, mas havia ali sucos da carne que complementavam com profundidade, encorpando sem maisena, simples e gostoso. A batata frita é sequinha e gostosa, esta é supostamente servida ao longo da refeição. Acredito que como estava no horário de pico houve alguma falha, pois faltou batata frita na minha mesa, em um restaurante que se propõe a ter uma proposta tão simples, não há espaço para erros.

A decoração do local é muito simpática, típica de bistrôs no Brasil, cadeiras levemente desconfortáveis de madeira, nesse caso vermelha, ladrilhos nas paredes e toalhas brancas. O salão é lotado de garçons mas infelizmente isso me faz lembrar que não estamos na França, onde há 5 vezes menos garçons e 10 vezes mais eficiência. Como experiência até que vale, até porque não é nada caro, mas infelizmente, está longe de ser um delírio gastronômico.

L´Entrecôte de Ma Tante
Rua Doutor Mário Ferraz, 17
São Paulo
Tel - 11 3034-5324

2**
$$

Thursday, September 17, 2009

Piantella - Um clássico que tem seu valor

Tem certos restaurantes que são clássicos, que se vc perguntar aos avôs mais tradicionais das cidades eles vão recomendar sem hesitação. No Rio de Janeiro, acho que esse título vai para o Antiquarius ou que sabe D´Amici. Já em Belo Horizonte , o Veccio Sogno cumpre esse papel. Em Brasília, esse título vai para o Piantella, antro dos políticos da capital, este restaurante é cercado de lendas e rumores sobre o que já foi decidido sobre o nosso futuro ali. Sem dúvidas o ambiente não é nada especial, mas é a aura que traz as pessoas.

O restaurante se propõe a ser um clássico italiano, com um cardápio amplo de opções de massa. O serviço é bastante cordial, mas imagino que com a casa cheia de poderosos, a qualidade para os mortais possa cair, dada a falta de atenção em alguns momentos mesmo com o restaurante vazio. O courvet que nos foi servido era simples, com um pão baguete um pouco duro de mais, para um restaurante desse nível. Nos foi oferecido ainda uma muzzarela de búfala (?) no azeite, que estava dura de mais, talvez até dormida.

Para prato principal eu pedi um linguado com molho cítrico,e legumes cozidos em tirinhas. O peixe estava no ponto certo, molhado como devia ser, o molho era leve e tinha umas tirinhas da casca de frutas cítricas que acrescentam uma acidez leve a sutileza do sabor do peixe. Os legumes cortados em pequenas tiras, puxados no azeite estavam al dente. O prato era bastante sutil, vindo de um restaurante estilo avô, acabei surpreendido.

Não ousamos nas sobremesas, um dos defeitos de almoços corporativos, mas o café estava bem tirado com biscoitinhos delicados.

Piantella
Cls 202 Bl A s/n lj 34
Brasília - DF, 70232-515
Tel - 61 3224-9408

Brasília – DF

3***
$$$$

Monday, September 14, 2009

Zuu – Uma explosão de sabores, nem sempre é bom.

Atualmente quando ouço a descrição de um restaurante como contemporâneo, já fico um pouco ressabiado. Talvez eu esteja descobrindo o valor escondido nos clássico e na simplicidade, mas acho que na verdade os Chefs estão abusando deste conceito e extrapolando além da conta. Inicialmente essa cozinha era marcada por combinações de sabores inesperadas e mistura de influências, mas todo cuidado é pouco para não virar uma panacéia de ingredientes no prato.

Esta semana, estava de passagem pela nossa capital, que tem como referência gastronômica o Universal, da chef Mara Alcamin. Portanto, nada mais natural do que experimentar o seu restaurante mais refinado, o Zuu. A decoração é muito bonita, com um pé direito altíssimo e muito preto, que contrastava com as belas janelas de madeira veneziana, que abriam usando-se cordas rústicas que davam um toque mais natural a decoração padrão de um restaurante contemporâneo.

Logo que chegamos recebemos o courvet que tinha bolinhos de arroz com açafrão, fritos, que estavam um pouco frios de mais e com menos crocância que eu gostaria. Uma charmosa panelinhas de cobre com azeite, onde podíamos molhar uma foccacia, e uma mousse de queijo “brie” com uma geléia de damasco, que estava saborosa. O cardápio me parecia promissor, poucas opções, do tipo que vc fala ao garçom: “o Atum”; e ele entende o prato.

Ao iniciar a leitura me deparei com exatamente o que temia, uma explosão de ingredientes em cada prato. Acabei optando por uma combinação que já conhecia a muito tempo do Zuka, atum em crosta de gergelim e wassabi. No prato original, tínhamos um atum levemente selado e um purê de batatas com um toque do wassabi. Na versão que experimentei lá tínhamos um pedaço enorme de atum, que passou do ponto, deixando as bordas ressecadas, uma “mousseline” de barôa – que era um purê, devido a falta de leveza -, cogumelos refogados, uma combuca de mousse de wassabi e pimenta rosa. Até agora não sei o que os pobres dos cogumelos estavam fazendo ali, pois não adicionavam nada ao prato e sumiam diante do exagero de influências. Além do peixe, estar ressecado por fora, acredito que a montagem do prato com a mousse de wassabi complicava ainda mais a apreciação dos sabores, era simplesmente difícil entender como combinávamos os sabores em uma só garfada. Para completar também não entendi o que a pimenta rosa estava fazendo na mousse, uma vez que o seu sabor aromático muitas vezes apagava a sutileza do wassabi da mousse.

Decidimos por pular a sobremesa, e partimos para o café, que veio com gostosos biscoitinhos, pedacinhos de mini tortas e chocolates que estava gostoso. A carta de vinhos me pareceu muito mais cara do que deveria ser, mas com boas opções. Além disso, o serviço foi muito atencioso e rápido, um dos highligths do restaurante. O custo benefício não é exatamente espetacular, mas acho que eu gostaria de voltar lá, para experimentar mais alguma prato, porque tenho esperança que nem tudo seja uma “explosão de sabores”.

Zuu a.Z. d.Z.
Asa Sul, Quadra 210, Bloco C, Loja 38
Brasília – DF
Tel – 61 - 3244-1039

2**
$$$

Friday, September 11, 2009

Top 5 – Comidas que comi enquanto o blog estava morto.

1 – Hamburger do L`Atelier Joel Robuchon (HK e NYC)
2 – O peixe do Milos em Atenas, só com suco de limão.
3 – O pato laqueado do Made in China em Beijing
4 – A lasanha do Tappo Tratoria em São Paulo
5 – Os petiscos novos do Aconchego Carioca, no Rio de Janeiro.

Thursday, September 10, 2009

Capão - Uma viagem em todos os sentidos.

Viajar a Bahia é sempre uma viagem gastronômica. Dessa vez lá fui eu redescobrir a Chapada Diamantina. No meio do nada, literalmente, há uma vila, não mais do que isso, conhecida como Capão. Por algum motivo que me foge, meu avô recém aposentado resolveu construir uma casa nessa vila, que é dominada por hippies que envelheceram, mas ainda buscam os mesmos ideais. Que depois desse final de semana, se resumem para mim como paz de espírito e poucas obrigações.

A estrada de barro que leva 40 minutos a partir de Palmeiras, que por sua vez está à uma hora do aeroporto mais próximo, já deixa claro que o local é só para quem quer muito chegar, e que o progresso ainda está longe de querer, ou, nesse caso, de ser desejado por lá. O local tem um visual incrível e modéstia parte, o novo projeto do aposentado é uma casa com uma vista deslumbrante para um vale, que é rodeado por chapadas em ambos os lados, dando a sensação de estarmos navegando em um grande fjord de mar verde.

Ao retornar a uma típica casa de campo da Bahia sou lembrado das delícias da culinária típica. Como uma deliciosa carne seca, ensopada, com abóbora. O sal da carne é balanceado pela doçura da abóbora, completando isso com uma leve farofa douradinha e crocante, temos um clássico dos clássicos da Bahia, sabor de infância para todos os lados.

O ensopado de carneiro também traz uma carne macia que se desmancha no toque do garfo, mais uma vez com a onipresente farofa, enxuga o excesso de molho, que tem um gosto profundo, que segundo os especialistas de lá vem de “rechear a carne”. Também podíamos falar do requeijão, um queijo rústico e excepcionalmente gorduroso, que quando frito transforma o queijo na melhor maneira para encurtar sua trajetória para um enfarte.

A vila, ao contrário do que se pode imaginar, não tem restaurantes charmosos, com bossa de hippie. A vila é simplesmente hippie, mas tem uma interessante pizza de massa integral com cenoura em tirinhas, que quando coberta com um delicioso mel com pimenta, pode ser caracterizado como uma boa experiência gastronômica. O restaurante Canto das Fadas é provavelmente a melhor pedida se quiser charme e comida. Come-se boas massas e pratos italianos, principalmente quando comparamos com a competição local.

Como disse, as experiências são muitas, como o delicioso mel com pimenta – tudo orgânico claro – ou os morangos mais doces que já comi na minha vida, que não levaram nem uma gosta de agrotóxico. Mas nada se compara ao desespero alimentar na volta de uma viagem de 9 horas, que só pode ser saciado com comida de posto. Comi provavelmente a receita mais maligna para pessoas com problemas de coração e tensão alta – meu avô nesse caso – uma farofa de carne seca que estava gordurosa e mais salgada que minha boca podia agüentar, servida em um charmoso compartimento de quentinhas de papel alumínio. Nem sempre, uma experiência é uma de luxo e glamour.

No final das contas, o Capão é um lugar com muito potencial para gerar boas opções de comida orgânica com sabores diferentes, mas ainda está longe de ter uma cena gastronômica de balneário de inverno. No entanto, quando vc tem a sua casa e seus sabores de infância para revisitar, não é que vale a pena? Só precisamos de vôos para voltar!